Cientistas dão passo gigante contra envelhecimento
A investigação, iniciada em 2011 por uma equipa da Universidade de Oviedo, foi publicada na revista "Nature Cell Biology" e demonstra o aumento da esperança média de vida em 65% nos ratos de laboratório, escreve o Jornal de Notícias. Tudo graças a duas moléculas experimentais (epz-5676 y epz-4777) que, atualmente, já estão a ser testadas em seres humanos no tratamento da leucemia mielóide crónica.
Ao diário espanhol "El Mundo", o investigador Fernando Garcia Osório explica que o objetivo desta investigação é prolongar a esperança média de vida a quem sofre de doenças associadas ao envelhecimento prematuro, atualmente sem cura.
Para esta investigação, a equipa dirigida pelo catedrático Carlos López-Otín - que se debruça há vários anos sobre este tema - utilizou ratos desenhados especificamente para o efeito, cuja longevidade é de apenas quatro meses, ao contrário dos três anos de vida dos seus pares, o que permitiu chegar a conclusões mais rapidamente.
Os investigadores centraram-se no processo de reprogramação celular verificado nos ratos com envelhecimento precoce e identificaram uma alteração molecular devido à proteína DOT1L. Esta demonstrou ter a capacidade de regular vários genes e bloquear a formação de células iPS (células-tronco pluripotentes). Após esta verificação, a equipa encontrou forma de inibir essa ação e aplicou as molécula experimentais.
"A superação desta barreira, através dos inibidores de DOT1L, permite-nos reprogramar ou rejuvenescer, até um estado quase embrionário e de forma muito eficiente, células de pacientes com envelhecimento acelerado e de pessoas saudáveis com mais de 90 anos", explica López-Otín.
"Acreditamos que os ratos são um bom modelo para estas doenças em humanos, devido às suas semelhanças, pelo que, em teoria, poderiam fazer-se ensaios clínicos", explica.
Além dos resultados nos animais doentes, nos saudáveis também se verificou um efeito rejuvenescedor, pelo que, a ser aplicado a humanos, poderia significar uma esperança média de vida até aos 135 anos.
López-Otín destaca que este estudo é "um novo passo para consolidar a ideia da enorme plasticidade da longevidade", apesar de não ser essa a prioridade do estudo.
"O nosso compromisso de utilizar este conhecimento para ajudar os doentes com envelhecimento prematuro continua a ser máximo", salienta o investigador.