As redes sociais vieram para ficar!

Os Enfermeiros, a Enfermagem e as Redes Sociais…

Atualizado: 
30/07/2019 - 12:03
Temos novos "opinion makers", que emergem em catadupa, quase todos os dias. Desde "blogs" ao "facebook", muito se escreve sobre tudo um pouco. Algumas verdades, muitas meias verdades e, sobretudo, desinformação.
Redes sociais

Hoje em dia até soa um pouco mal não estar “ligado” a uma destas modernices. Quem diz que não tem ou não usa é olhado com um ar estranho, como se a este mundo não pertencesse. O estranho é não ver alguém num dedilhar frenético num telemóvel, sem ver por onde caminha e sem ver o mundo que o rodeia.

Os enfermeiros e a enfermagem não são estranhos a este fenómeno e muito menos imunes! Os enfermeiros gostam de escrever sobre tudo um pouco… têm blogs, páginas no facebook, no twitter, vídeos no YouTube… Falam de enfermagem, mas também falam de política, de culinária e até de férias.

Mas para a profissão, que vantagens trouxe este advento das novas tecnologias?

Temos efetivamente um acesso mais rápido à produção científica, alguns blogs especializados disponibilizam informação atualizada ao minuto sobre os mais variados temas relacionados com a profissão; a informação relacionada com legislação e afins. Facilmente podemos consultar os portais eletrónicos das mais variadas associações profissionais e sindicais (a maior parte delas já aderiu às páginas no facebook e ao twitter), que nos permitem aceder à informação em tempo real. Tenhamos nós o tempo para a pesquisar! É possível ainda acompanhar em tempo real a discussões, em fóruns online, dos mais variados temas. A credibilidade de alguns é discutível, mas em todos os casos esta avaliação é discricionária! Cada utilizador faz a sua própria avaliação quanto à credibilidade da informação, da rede social que a fornece e do seu autor.

Em todos estes meios de divulgação a informação é diferente. Alguns de elevada qualidade e rigor, outros mais duvidosos. Outros ainda limitam-se a retratar opiniões pessoais ou comentar factos do dia-a-dia relacionados com a profissão.

E depois temos a desinformação. Se em alguns percebemos que a omissão é por desconhecimento, em outros, claramente a omissão é intencional! Mas o que realmente me preocupa é a construção de opinião e pensamento crítico, por um número por vezes alargado de enfermeiros, assente em pressupostos falsos, parciais ou tendenciosos.

A informação é poder, todos sabemos disso. Mas a desinformação, nos dias que correm, assume-se como um contrapoder muito mais forte. É mais fácil dizer a verdade, o que nem sempre convém, do que desconstruir uma mentira. E nisso, todos nós somos pouco críticos. Se lemos num qualquer facebook ou página de alguém um facto, temos tendência a acreditar, sem questionar, num estranho movimento seguidista, pouco crítico e refletido. Acresce ao "facto" relatado a secção de comentários… deixamo-nos levar muitas vezes num chorrilho de desabafos que tendem a confirmar ou contrariar o facto, num exercício por vezes pouco urbano…

Curioso que as nossas barreiras sociais pouco funcionam nestes “meios”. Somos tendencialmente mais desinibidos e escrevemos coisas que provavelmente não teríamos coragem de dizer de viva voz ao outro, chegando por vezes a ultrapassar o limite da educação. Atrás dos ecrãs, no conforto do teclado, tornamo-nos mais aguerridos, eloquentes no discurso, corajosos nas palavras, somos capazes de mudar o Mundo… virtual! Mas quando chegamos ao Mundo Real… que obra vemos feita?

Estas modernices criam falsos “eus”. Mostram-nos pessoas que não existem de carne e osso.

Eu cá continuo um pouco “atrasada” nestas coisas…! Por enquanto vou preferindo ficar ligada à Terra, com o facto relatado na primeira pessoa e os comentários desfiados numa agradável “conversa de corredor”. Mas vou deitando um olhinho nas redes sociais para não me sentir tão infoexcluída ;-)

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Autor: 
Isabel de Jesus Oliveira - Enfermeira Especialista em Enfermagem de Reabilitação | Presidente do Conselho Diretivo Regional da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros de 2012 a 2015
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
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