Relação entre trabalho por turnos e o cancro da mama
Segundo um estudo realizado por cientistas holandeses, publicado no Current Biology, em que utilizaram ratos de laboratório, padrões de sono irregulares podem aumentar a probabilidade de as mulheres desenvolverem cancro da mama.
Os investigadores, escreve a revista Visão, alertam que a fase de estudos ainda não está concluída, mas defendem esta ligação torna necessário alertar as mulheres com historial familiar de cancro da mama para o aumento do risco da doença em trabalhos que impliquem horários alternados.
O estudo concluiu também que os ratos com hábitos de sono irregulares pesavam mais 20% do que os outros com padrões regulares, ingerindo a mesma quantidade de alimentos.
Investigações anteriores já tinham demonstrado que profissões com horários irregulares, como assistentes de bordo, aumentam o risco de várias doenças, devido, em parte, à interferência no ritmo circadiano, ou relógio biológico. O nível de atividade física ou a quantidade de vitamina D ingerida são outros fatores que interferem na probabilidade de as pessoas que trabalhem por turnos, especialmente à noite, desenvolver cancro.
Este estudo é, no entanto, o primeiro que "mostra categoricamente uma ligação entre a inversão crónica do dia e da noite e o desenvolvimento de cancro da mama", conforme se lê no documento.
"Se vem de uma família com histórico de cancro da mama, certamente não a aconselharia a trabalhar como assistente de bordo ou fazer turnos de noite", afirma um dos investigadores, Gijsbetus van der Horst, do Centro Médico da Universidade de Erasmus, na Holanda.
Em declarações à BBC, Michael Hastings, do centro britânico Medical Research Council, elogia o estudo: "Acredito que este estudo evidencia, usando ratos, que a interferência no chamado ciclo circadiano pode acelerar o desenvolvimento de cancro da mama". "A mensagem a transmitir ao público é que trabalhar por turnos, especialmente os rotativos, causa imenso stress e isso atrai consequências", conclui.