Doença inflamatória crónica

Espondilite Anquilosante

Atualizado: 
20/02/2014 - 11:29
A Espondilite Anquilosante é uma doença crónica, de natureza inflamatória dolorosa e progressiva. Calcula-se que afecte cerca de 50 mil portugueses.

A Espondilite Anquilosante (EA) é uma doença inflamatória crónica que afecta principalmente as articulações da coluna, causando limitação da mobilidade. Isto resulta na perda de flexibilidade da coluna vertebral, que se mantém rígida.

A doença tem uma evolução progressiva, por vezes com surtos de inflamação da coluna vertebral ou de outras articulações, como ombros, ancas, joelhos e tornozelos. Pode acontecer que entre os surtos de agudização, o doente fique sem sintomas e mantenha uma actividade quotidiana normal. Normalmente com a idade, os surtos tendem a distanciar-se e tornam-se mais ligeiros.

É uma doença com elevada prevalência (entre 10-20 casos/100.000 habitantes), preferindo a raça branca e os homens entre os 20 e os 30 anos de idade. É menos frequente nas mulheres e quando surge tem uma evolução mais favorável. Calcula-se que afecte cerca de 50 mil portugueses. A doença apresenta-se, na maioria dos casos, como uma doença isolada, embora em alguns casos possa estar associada à psoríase ou a doenças inflamatórias intestinais.

Causas e diagnóstico
Não é conhecida a causa para a EA porém, nos últimos anos, têm sido feitos progressos na compreensão dos mecanismos que desencadeiam o processo da doença e os potenciais agentes responsáveis. É conhecida há algum tempo a associação da EA com um antigénio específico (HLA-B27), que pode desencadear a doença.

O diagnóstico da EA é baseado em sintomas físicos e na observação. Para confirmar o diagnóstico realizado efectuam-se radiografias da bacia e coluna vertebral, para ver as mudanças que ocorreram nas sacroilíacas e nas vértebras. Contudo, essas alterações radiológicas são geralmente muito tardias em relação ao início dos sintomas, o que torna o diagnóstico precoce difícil e muito dependente da experiência do médico.

As análises na EA não têm geralmente grande utilidade para o diagnóstico, uma vez que só existem alterações em 30 a 40 por cento dos doentes, sobretudo quando existe envolvimento periférico ou doença extra-articular significativa.

Sintomas
Os primeiros sintomas da EA são, muitas vezes, dor nas regiões glúteas ou lombalgia, que são causados por inflamação das articulações sacroilíacas e coluna vertebral. A dor é do tipo inflamatório e manifesta-se de forma insidiosa, lenta e gradual, sendo difícil precisar o momento exacto em que os sintomas começaram. A lombalgia ocorre quando o doente está em repouso, melhorando com a actividade física. A dor é geralmente pior nas últimas horas da noite e de manhã cedo. Quando a pessoa se levanta e inicia a actividade normal, existe alívio ou até mesmo desaparecimento da dor.

Com o tempo, a dor e a rigidez podem evoluir para a coluna dorsal e cervical. As vértebras fundem-se, fazendo com que a coluna perca flexibilidade e se torne rígida, limitando os movimentos.

A tumefacção e a dor também podem ocorrer nas articulações das ancas, ombros, joelhos e tornozelos. Pode haver inflamação dos ligamentos ou tendões, como por exemplo dor no tendão de Aquiles. Uma vez que a EA é uma doença sistémica outros órgãos podem ser afectados, como os pulmões ou o coração. Pode ocorrer febre, perda de apetite e/ou fadiga.

É também relativamente comum a inflamação do olho (uveíte), que se manifesta com dor e vermelhidão dos olhos. A uveíte afecta cerca de ¼ dos doentes com EA.

Tratamento
Actualmente, não existe cura para a doença. No entanto, existem vários medicamentos eficazes e técnicas de reabilitação que permitem aliviar a dor e melhorar a mobilidade, possibilitando uma boa qualidade de vida.

Os anti-inflamatórios não-esteróides (AINE) constituem sempre, salvo estejam contra-indicados, a abordagem inicial do tratamento, conseguindo na maioria dos casos reduzir e por vezes mesmo suprimir a inflamação. O controlo da inflamação permite o alívio da dor e da rigidez, permitindo um melhor repouso durante a noite. Podem ser utilizados por períodos prolongados de tempo, com as devidas precauções. Por outro lado, os doentes com envolvimento de articulações periféricas ou tendões podem beneficiar de infiltrações locais com corticosteróides. Os corticóides sistémicos só são benéficos em casos pontuais.

Outro dos aspectos mais importantes do tratamento são os exercícios de reabilitação ao nível da coluna vertebral e exercícios respiratórios, de modo a fortalecer os músculos da coluna e evitar a rigidez e perda de mobilidade da própria coluna vertebral.

No campo farmacológico, surgiram nos últimos anos os chamados medicamentos biológicos, dirigidos especificamente para os componentes da resposta imunológica que intervêm nesta doença.

A cirurgia pode ser uma opção quando existe uma articulação muito danificada. Acontece com mais frequência ao nível das ancas, com necessidade de colocação de uma prótese articular.

Os doentes que tenham a EA controlada podem ter uma vida equilibrada, podendo mesmo fazer o seu trabalho de forma eficaz e produtiva. Deve evitar estar imobilizado durante um longo período e trabalhos pesados que sobrecarreguem as várias estruturas mecânicas da coluna vertebral.

É recomendada a prática de exercício que envolva extensão da região dorsal, bem como exercícios de mobilização dos ombros e ancas. A natação apresenta-se, segundo os especialistas, como uma boa opção. No entanto devem ser evitados desportos de contacto ou colisão física por risco de lesão óssea ou articular.

Fonte: 
Portal das doenças reumáticas
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Foto: 
ShutterStock