Tudo sobre a tiróide
A tiróide é uma glândula de secreção endócrina, ou seja, produz hormonas tiroideias na circulação sanguínea. Localiza-se no pescoço por baixo da "maçã-de-adão” tem a forma semelhante a uma borboleta e é constituída por dois lobos, direito e esquerdo, unidos por uma porção central chamado istmo. Cada lobo tem 4 cm de comprimento e 1 a 2 de largura. O seu peso, em circunstâncias normais, é de apenas cerca de 25g.
A função da tiróide é a de produzir e libertar para a circulação sanguínea triiodotironina (T3) e tiroxina (T4). Estas hormonas tiroideias são essenciais à vida e exercem vários efeitos a nível de metabolismo, crescimento e desenvolvimento do organismo. Contribuem para a regulação da temperatura corporal, da frequência cardíaca, pressão arterial, funcionamento intestinal, controlo do peso, estados de humor entre outras funções. O sangue transporta-as a todas as células do corpo influenciando o seu metabolismo.
A tiróide é controlada por duas hormonas produzidas noutros órgãos - a hipófise – glândula localizada na base do cérebro, que produz a TSH – e o hipotálamo – a porção do cérebro imediatamente acima da Hipófise, que produz a TRH.
Quando a produção de T3 e T4 pela tiróide diminui (hipotiroidismo) a produção de TSH pela hipófise aumenta e, pelo contrário, se a tiróide produz hormonas em excesso (hipertiroidismo) a produção de TSH pela hipófise diminui. Deste modo o organismo tenta manter os níveis de hormonas tiroideias no sangue dentro dos valores normais.
A actividade da tiróide é avaliada pelos sintomas, pelo exame físico (apalpação), e os exames laboratoriais confirmam a função tiroideia. Para tal é necessário efectuar uma colheita de sangue para dosear a T3, T4 e TSH.
Além das células foliculares que produzem as hormonas tiroideias, T3 e T4, encontram-se na tiróide outras células que sintetizam a calcitonina e que são chamadas células C ou parafoliculares. Estas células são particularmente importantes porque podem dar origem a alguns tumores com características particulares, os carcinomas medulares da tiróide.
As doenças da tiróide são muito comuns mas mais frequentes nas mulheres que nos homens. As principais incluem:
Hipertiroidismo
Sempre que há excesso de hormonas da tiroideias;
Hipotiroidismo
Quando há deficiência de hormonas tiroideias;
Doenças autoimunes
São causadas por anticorpos dirigidos contra a glândula da tiróide, que podem estimular ou destruir a glândula. Por exemplo, a doença de Graves (causa de hipertiroidismo) e a tiroidite de Hashimoto;
Bócio
Quando a glândula está globalmente aumentada de tamanho;
Nódulos
Podem ser únicos ou múltiplos.
Exames à tiróide
Hormonas tiroideias
As hormonas tiroideias são medidas no sangue, não sendo necessário o jejum. Tal como a maioria dos doseamentos hormonais deverão ser efectuados em laboratórios de referência. A sua execução é morosa, pelo que, a obtenção dos resultados não é imediata. Podem ser doseadas a TSH, as hormonas tiroideias totais (T3 e T4) e as suas fracções livres.
A determinação da TSH com os métodos actuais de elevada sensibilidade, é suficiente na maioria dos casos, para avaliar eventuais alterações hormonais. Os outros doseamentos são pedidos analisando as situações caso a caso. Vários medicamentos e doenças não tiroideias podem interferir no doseamento das hormonas tiroideias. Na mulher, em que a doença tiroideia é muito frequente, a gravidez e o uso de contraceptivos orais, interfere com o doseamento das hormonas tiroideias totais.
Anticorpos antitiroideus
Os anticorpos antitiroideus, são também doseados no sangue. Estão geralmente presentes nas doenças auto-imunes (tiroidite pós-parto, tiroidite de Hashimoto, hipotiroidismo, doença de Graves-Basedow, etc...).
Ecografia tiroideia
Após a realização da história clínica e observação física que inclui a palpação do pescoço, em caso de suspeita, sobretudo da presença de nódulos, o seu médico poderá pedir uma ecografia.
A ecografia é um exame não invasivo, inócuo e de fácil realização, que permite a avaliação morfológica e estrutural da tiróide, isto é:
- Permite saber as dimensões e os contornos da glândula e caracterizar as alterações estruturais, ou seja presença de nódulos, o seu número (um só nódulo ou vários), dimensões, composição, se são sólidos ou líquidos (quistos) e a sua relação com as estruturas vizinhas.
- Através da ecografia é possível avaliar a presença de adenomegalias (gânglios aumentados de volume).
- A ecografia pode ser utilizada para orientar as punções aspirativas. Habitualmente a presença de múltiplos nódulos é sugestiva de uma situação benigna.
Citologia aspirativa
A citologia aspirativa com agulha fina permite diagnosticar tumores (benignos e malignos) através da punção da lesão, com uma agulha fina (mais fina que uma agulha de punção endovenosa), aspiração de líquido e/ou células que, após serem espalhadas numa lâmina e coradas, são analisadas ao microscópio.
Esta técnica é diferente da biópsia, que pressupõe a colheita de tecido, enquanto com a citologia aspirativa a amostragem é feita através de células. Não necessita de anestesia prévia ou internamento, é muito rápida (5min) e não é dolorosa.