Manteiga “enriquecida” pode ajudar pacientes com Alzheimer
Segundo o Diário Digital, entre os autores da pesquisa estão Wagner Gattaz, Leda Leme Talib, Emanuel Dias Neto e Fábio Mury, do Laboratório de Neurociências – LIM 27, do Instituto de Psiquiatria (IPq), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Também assinam o artigo Marcos Gama e Fernando Lopes, da Embrapa, e Nadia Rezende Raposo, da Universidade Federal de Juiz de Fora.
De acordo com Leda Leme Talib, chefe do Laboratório de Neurociências, estudos da literatura científica demonstram que pacientes com Alzheimer apresentam uma baixa atividade de uma enzima chamada fosfolipase A2 (PLA2) no cérebro – esta está ligada às estruturas cerebrais relacionadas com a memória.
“A fosfolipase A2 (PLA2) é uma enzima que age sobre os fosfolípides, gorduras constituintes das membranas celulares, e ácidos gordos, que funcionam como mediadores na formação da memória. Na pesquisa, observamos que a ingestão de alimentos ricos em ácido linoleico modulou a atividade dessa enzima, essa maior atividade da fosfolipase implicou uma melhoria da memória dos animais em estágio inicial da doença de Alzheimer”.
Leda explica que em pacientes sem Alzheimer, as membranas celulares são fluídas e renovadas normalmente, mas em pacientes com a doença, as membranas são rígidas e dificultam a libertação de ácidos gordos, como o ácido linoleico, que influencia nos mecanismos de formação da memória. Por isso o aumento da atividade da fosfolipase A2, que atua nas camadas das membranas celulares, pode ter contribuído para melhorar a memória dos animais.
Durante quatro semanas, os ratos receberam dietas com quantidade normal de ácido linoleico (grupo controlo), quantidade elevada (manteiga enriquecida) e abaixo do normal. Eles foram ensinados a desempenhar determinada tarefa para analisar a situação da memória.
A análise do tecido cerebral dos animais mostrou que os alimentados com maior quantidade de ácido linoleico apresentavam maior atividade das fosfolipases, correlacionada com a melhoria da memória dos animais
Apesar de os testes sugerirem que os produtos lácteos enriquecidos com ácido linoleico podem ser úteis no tratamento da doença, a pesquisadora alerta que precisam de ser feitos mais estudos. “Precisamos de analisar o que essa alimentação rica em gordura pode acarretar para a saúde dos animais, são necessárias mais intervenções até chegarmos às análises com humanos”, avisa Leda.