Doença do comportamento

Anorexia nervosa

Atualizado: 
20/11/2019 - 15:38
A anorexia nervosa é uma doença comportamental complexa que envolve aspectos psicológicos, fisiológicos e sociais.
Mulher anorética a ver-se ao espelho

A anorexia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado por uma rígida e insuficiente dieta alimentar e que traduz em baixo peso corporal. É uma doença complexa que envolve os componentes psicológicos, fisiológicos e sociais. As pessoas que sofrem deste transtorno estão constantemente na busca implacável pela magreza e leva os doentes a recorrer a estratégias para perda de peso, ocasionando importante emagrecimento. Para além disso, as pessoas anorécticas apresentam um medo intenso de engordar mesmo estando extremamente magras. É uma doença com riscos clínicos, podendo levar à morte por desnutrição e em 90 por cento dos casos acomete mulheres adolescentes e adultas jovens, na faixa de 12 a 20 anos.

Raparigas oriundas de meios socioeconómicos e culturais mais elevados e diferenciados têm uma maior incidência desta perturbação. Têm muitas vezes características obsessivas, com tendência para o perfeccionismo intelectual e, frequentemente, outros membros da família já tiveram sintomas semelhantes.

Por outro lado, é comum a anorexia ter início nas vulgares dietas que as adolescentes fazem e o quadro avança para anorexia quando a dieta e a perda de peso subsistem até que a pessoa atinge níveis de peso muito inferiores aos esperados para a sua idade, perdendo a autocrítica sobre a situação. Ou seja, a preocupação com o peso e a forma corporal leva a adolescente a iniciar uma dieta progressivamente mais selectiva, evitando ao máximo alimentos de alto teor calórico.

Mesmo depois de apresentar um peso abaixo do considerado normal, a pessoa continua a sentir-se gorda e acaba por se tornar escrava das calorias e de rituais em relação à comida. Isola-se da família e dos amigos, ficando cada vez mais triste, irritada e ansiosa. Dificilmente, a pessoa admite ter problemas e não aceita ajuda de forma alguma. Por vezes, a família demora a aperceber-se que alguma coisa de errado se passa. Em consequência disso, há muitas doentes com anorexia nervosa que podem não receber tratamento médico, ou o recebam tardiamente quando já estão perigosamente magras e desnutridas.

Sintomas

Raramente um anoréctico reconhece o seu transtorno alimentar e procura ajuda, portanto cabe muitas vezes a familiares e amigos que suspeitam de anorexia nervosa procurar ajuda de profissionais. Muitos dos sinais que indicam anorexia incluem:

- Perda de peso num curto espaço de tempo;
- Exercícios físicos em excesso;
- Depressão, ansiedade e irritabilidade;
- Períodos menstruais irregulares ou mesmo inexistentes;
- Interesse exagerado por alimentos;
- Comer em segredo e mentir a respeito de comida;
- Progressivo isolamento da família e amigos;
- Acreditar que se está gordo, mesmo estando excessivamente magro;
- Obsessão com o peso corporal;
- Negação quando questionado sobre o transtorno;
- Contagem obsessiva de calorias;
- Saltar refeições;
- Brincar com a comida no prato em vez de comer;
- Ingerir apenas um determinado tipo de comida;
- Vestir (para esconder o corpo) roupa larga ou disforme;
- Reduzido ou inexistente apetite sexual;
- Baixos níveis de energia.

Diagnóstico

Um diagnóstico de anorexia só pode ser feito por um médico qualificado, habitualmente um psiquiatra. Para diagnosticar anorexia têm de surgir quatro critérios de diagnóstico. Os critérios padrão para o diagnóstico de anorexia incluem a recusa do indivíduo em manter um peso corporal apropriado para a sua altura e idade (normalmente 15 por cento abaixo da média), um medo intenso de ficar "gordo" ou com excesso de peso, mesmo quando magríssimo, uma falta de auto-confiança relacionada com uma auto-imagem distorcida e a perda de períodos menstruais durante pelo menos três meses (obviamente não incluído no diagnóstico masculino). Se a anorexia é diagnosticada de acordo com critérios de doença mental, um anoréctico também precisará de um exame físico completo para determinar a extensão da doença ou da injúria que foi causada por esta transtorno alimentar.

Ainda segundo alguns investigadores é também importante juntar a estes critérios a existência de, pelo menos, dois dos seguintes sinais:

- Amenorreia (falta da menstruação);
- Lanugo;
- Bradicardia (menos de 60 batimentos por minuto);
- Hipotermia;
- Hiperactividade física;
- Vómitos;
- Episódios bulímicos (ocorrem em cerca de 1/3 dos casos).

O quase desaparecimento do tecido adiposo, uma atrofia muscular considerável, uma pele seca acompanhada de problemas de micro circulação, acrocianose (coloração azulada persistente e indolor em ambas as mãos), lanugo disseminado e uma hipotensão arterial (diminuição da pressão arterial) são alguns dos factores que contribuem para um diagnóstico de gravidade da doença. Por outro lado, a desnutrição e desidratação, a anemia, intolerância ao frio, motilidade gástrica diminuída, amenorreia, sinais de osteoporose e infertilidade são outros sinais de gravidade.

Causas

A anorexia habitualmente tem início na adolescência, mas pode ter início na infância ou, posteriormente, dos 20 aos 40 anos de idade.

Não existe uma causa única para explicar o desenvolvimento da anorexia nervosa e são apontados factores biológicos, psicológicos, familiares e culturais para o seu desenvolvimento. Alguns estudos/autores chamam atenção para que a extrema valorização da magreza e o preconceito com a gordura nas sociedades ocidentais pode estar fortemente associada à ocorrência destes quadros.

Tratamento

O tratamento da anorexia nervosa costuma ser demorado e difícil. A negação do problema é frequente, logo o percurso pode ser longo até à recuperação. As recaídas são comuns e, por isso, o doente deve permanecer em acompanhamento, mesmo após melhora dos sintomas.

O objectivo primordial do tratamento é a recuperação do peso corporal através de uma reeducação alimentar com apoio psicológico. Em geral, é necessária psicoterapia para ajudar o doente a lidar com sua doença e com as questões emocionais subjacentes. Por isso o tratamento deve ser realizado por uma equipa multidisciplinar formada por diferentes especialistas (psiquiatra, clínico, nutricionista..) em função da gravidade da situação, uma vez que existe nesta doença uma complexa interacção de problemas emocionais e fisiológicos.

Há, portanto, recurso a grupos de apoio ou terapia de grupo, planeamento nutricional e do tipo de exercício físico desenvolvido, bem como, a terapêutica medicamentosa. Havendo risco de vida, o doente é habitualmente hospitalizado.

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Fonte: 
Abcdasaude.com
Nota: 
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