Saiba tudo sobre a rosácea
A rosácea é uma doença vascular inflamatória crónica e frequente da pele que afecta sobretudo a face e que se caracteriza, inicialmente, por vermelhidão episódica e, posteriormente, por vermelhidão persistente e lesões inflamatórias, como edemas e pápulas podendo ser acompanhados por pústulas e nódulos.
Afecta principalmente pessoas adultas entre 30 e 50 anos de idade, embora possa surgir na adolescência, e é mais frequente nas mulheres com quadros mais extensos e moderados. Já as formas mais localizadas e graves - o rinofima - são encontradas mais comummente nos homens.
A rosácea foi observada com maior frequência em doentes de pele clara, principalmente os tipos célticos da Europa setentrional, pelo que é conhecida popularmente como "a maldição dos celtas." Por isso, raramente é observada em pessoas de raça negra.
Com frequência a doença manifesta-se por exacerbações episódicas pelo que é importante que o doente saiba como lidar com os surtos agudos. Em primeiro lugar deve tentar descobrir o que a poderá ter causado, por exemplo experimentou novos cosméticos, frequentou sauna, ingeriu álcool, etc., para poder minorar os sintomas.
Causas
A verdadeira causa da rosácea é desconhecida. Ao longo dos anos suspeitou-se da implicação de diversos factores no seu surgimento, mas em nenhum caso houve confirmação. Entre eles o parasita Demodex folliculorum, presente nos folículos pilo-sebáceos, parece estar envolvido no desenvolvimento da doença apenas de forma oportunista. Também os factores hereditários e ambientais, alterações hormonais, como as da gravidez, a menstruação ou a pré-menopausa, as enxaquecas, alterações gastrointestinais são hipóteses levantadas pelos especialistas como podendo ser a causa da rosácea.
Além disso, vários factores relacionados com os hábitos de vida podem desencadear um surto em pessoas afectadas por rosácea. Por exemplo, certos alimentos podem piorar o quadro em alguns pacientes (café, bebidas alcoólicas, picles, pimenta e molhos quentes). Além disso, frio e calor intenso, assim como a exposição solar, podem estar implicados na piora das lesões. A pele danificada pelo sol ao longo dos anos também pode predispor ao surgimento da doença.
Sintomas
A doença atinge principalmente a região central da face. O quadro inicia-se por vermelhidão, a princípio transitória, mas que depois torna-se persistente. Com a progressão da doença, surgem também pequenos vasos sanguíneos dilatados (telangiectasias), lesões avermelhadas e elevadas (pápulas) e pústulas (pontos amarelos), que parecem espinhas, daí a denominação acne rosácea, pela semelhança com a acne.
Casos mais graves podem atingir áreas extensas da face, com inflamação e edema da pele, formando placas avermelhadas e nódulos. Em alguns pacientes podem ocorrer alterações oculares inflamatórias, como conjuntivite ou inflamação da córnea, pálpebra e íris.
Nos homens, o quadro pode ser mais grave e a evolução da doença pode levar ao surgimento do rinofima, quando ocorre o aumento do volume do nariz, cuja pele se apresenta infiltrada, com os poros dilatados e com elevações na superfície.
Tratamento
Não há tratamento curativo para a rosácea. Contudo, existem vários tratamentos que reduzem eficazmente os sintomas e, inclusivamente, que os suprimem. É importante que a doença seja tratada precocemente para não piorar ou evoluir para formas mais difíceis de tratar. Para além disso, a progressão da doença pode desfigurar o rosto, o que em muitos doentes provoca perda de auto confiança e, inclusive, depressão.
A consulta com um especialista é, portanto, importante para que lhe possa prescrever um tratamento eficaz, habitualmente com medicamentos que são utilizados isoladamente ou de forma combinada. Na rosácea ligeira ou moderada deverá aplicá-los directamente sobre a pele (tratamento por via tópica), enquanto nas formas intensas, por vezes, é indispensável um tratamento sistémico que consiste na toma de comprimidos.
É importante também que evite todos os factores que desencadeiam exacerbações episódicas.
Subtipos da doença
Em geral, a rosácea tem um longo período de evolução. Inicialmente, pode manifestar-se como uma tendência a corar com facilidade e um subtil avermelhamento do rosto, estado que poderá descrever-se como fase de pré-rosácea. De acordo com a classificação da National Rosacea Society dos Estados Unidos, a doença pode dividir-se em quatro subtipos.
Subtipo 1
Caracteriza-se por vermelhidão facial persistente (eritema) acompanhada de episódios de rubor (crises de vermelhidão com sensação de calor e ardor) e aumento do tamanho dos vasos sanguíneos (telangiectasias).
Subtipo 2
Existe um rubor persistente ao qual se somam alterações inflamatórias características denominadas pápulas ou pústulas. Durante esta fase da doença em concreto, a rosácea pode parecer-se com a acne, mas, ao contrário desta, não existem pontos negros nem brancos.
Subtipo 3
Nos casos intensos, como o subtipo 3, aparecem grandes nódulos inflamatórios acompanhados por um espessamento da pele, o que, por sua vez, pode derivar nas "fimas" da rosácea, localizadas geralmente no nariz (rinofima), mas também por vezes na testa e no queixo.
Subtipo 4
Caracteriza-se pelo surgimento de lesões oculares, que afectam aproximadamente 50% das pessoas que sofrem de rosácea (rosácea ocular). Os sintomas mais frequentes são ardor ou comichão, sensação de corpo estranho e secura ocular, assim como intolerância à luz. É frequente que o oftalmologista não identifique estas perturbações, mas devem ser tratadas, pois podem conduzir a complicações oculares ainda mais graves.
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