Psoríase ainda não é doença crónica
Os doentes com psoríase acusam o Ministério da Saúde de travar a entrada em vigor de uma resolução da Organização Mundial de Saúde (OMS) que declara a psoríase como “doença crónica, grave e não transmissível”. Um reconhecimento decisivo para alterar as regras comparticipação e acesso aos medicamentos e tratamentos complementares, revela a Rádio Renascença.
O documento, a transpor para as legislações nacionais, foi assinado há precisamente um ano por todos os estados membros da OMS, Portugal incluído. 2015 já leva quase meio ano e João Vaz Martins, presidente da Associação Portuguesa de Psoríase (PSOPortugal) diz que “está tudo na mesma”.
Cremes e champôs não são cosméticos
Atualmente, a medicação para a psoríase prescrita pelas especialidades de dermatologia e reumatologia é integralmente comparticipada. Mas os tratamentos complementares que, segundo o presidente da PSOPortugal, “são tão necessários quanto os medicamentos”, só são pagos na totalidade “a doentes com 60% de incapacidade comprovada ou com rendimentos abaixo dos 650 euros”. Critérios de seleção que, segundo este responsável, “são extremamente rígidos e abrangem uma percentagem muito reduzida” do universo de portadores da doença.
Na prática, as pomadas e os champôs que integram o cabaz terapêutico da psoríase “são considerados cosméticos, logo são taxados com IVA a 23%. Muitos doentes deixam mais de 300 euros na farmácia só nestes produtos”, sublinha Vaz Martins.
Mais do que um problema de pele
Além do problema dermatológico, em muitos casos notório, a psoríase manifesta-se também nas “artrites, obesidade, problemas cardíacos, doença inflamatória do colon, hipercolesterolemia”.
Os números mais recentes estimam que haja entre 250 e 300 mil portugueses com psoríase. E desses, 10% sofrem de artrite psoriática, uma das complicações mais comuns desta doença auto-imune. As projeções futuras da OMS apontam para um aumento deste tipo de casos para os 40%.
“É o resultado da política deste governo que não está a apostar minimamente na prevenção do problema e que, por razões economicistas, cria entraves no acesso aos tratamentos”, conclui o presidente da PSOPortugal.