Todas as unidades de saúde vão disponibilizar formação contínua aos enfermeiros
"Esses dinamizadores detetam essas necessidades, quer em termos de formação, quer em termos de eventuais défices nas práticas dos cuidados de saúde que são prestados, para que possam efetivamente depois estabelecer os tais projetos para que se melhore de forma contínua os cuidados de saúde que são prestados à população", explicou, em declarações aos jornalistas, Tiago Lopes.
O presidente da Secção Regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros falava, em Angra do Heroísmo, à margem da assinatura de um protocolo com a direção regional da Saúde, em que a tutela se compromete a aliviar a carga horária destes enfermeiros, para que se possam dedicar à identificação de necessidades e à disponibilização de formação.
Segundo Tiago Lopes, há vários anos que a Ordem dos Enfermeiros tenta implementar nos Açores projetos que assegurem "padrões de qualidade de cuidados de enfermagem", mas tem sido um processo difícil, sobretudo por falta de disponibilidade dos enfermeiros.
"Muitos dos colegas que eram dinamizadores não tinham efetivamente tempo durante o seu horário de trabalho para poder fazer estes projetos de melhoria contínua, ou seja, detetar as necessidades daquele serviço e implementar um projeto para colmatar essas necessidades" salientou.
De acordo com o enfermeiro, as instituições mostravam-se renitentes em aderir aos protocolos e muitas unidades de saúde não tinham núcleos de formação ativos, para identificar as necessidades não só de enfermeiros, como de médicos ou psicólogos.
"Todos os profissionais de saúde têm de se manter atualizados ao longo do seu exercício e as unidades de saúde supostamente deveriam ter um núcleo de formação", frisou, alegando que, por exemplo, há muitos dos profissionais de saúde a exercer na região sem "os conhecimentos mais básicos em termos do suporte básico e avançado de vida".
Tiago Lopes salientou que este protocolo vem complementar um acordo de cooperação que a Ordem dos Enfermeiros assinou com o Governo Regional, no sentido de as unidades de saúde serem dotadas do número necessário de enfermeiros.
"Não podemos ter qualidade nos cuidados de enfermagem se não tivermos efetivamente os enfermeiros na dotação suficiente nas unidades de saúde", salientou.
Até 30 de setembro, a Ordem dos Enfermeiros vai fazer um levantamento e um estudo sobre o número de enfermeiros de cuidados gerais e especialistas que devem exercer na região, com base no "cálculo de dotações seguras dos cuidados de enfermagem", publicado em Diário da República em dezembro de 2014.
A secretaria regional da Saúde compromete-se a dotar as unidades de saúde do número de enfermeiros necessário.