Estudo

Uso problemático da internet associado a ansiedade, depressão e stress nos jovens

Um estudo sobre o uso problemático da internet, realizado por uma investigadora portuguesa, concluiu que existe uma “relação significativa” entre esta prática e a ansiedade, a depressão e o stress nos jovens.

Ivone Patrão, docente do ISPA - Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, é a autora do estudo sobre “Jovens e Uso Problemático da Internet (UPI): A relação com a ansiedade, depressão e stress”, que identificou esta ligação.

Para esta pesquisa foram questionados 645 jovens que frequentam o sétimo, oitavo e nono ano do ensino básico.

“Os resultados indicam que existe uma relação significativa entre a UPI, a ansiedade, a depressão e o stress”, lê-se no resumo do estudo.

A investigação, que será apresentada na quinta-feira no VI Congresso Internacional de Psicologia e do Adolescente, que decorre quarta e quinta-feira na Universidade Lusíada, em Lisboa, identificou 10% destes 645 jovens com UPI.

Quase metade destes jovens (40%) com UPI assume que estão dependentes de estar online, disse a investigadora Ivone Patrão.

No decorrer da investigação, a autora apurou que o jovem relaciona este uso da internet ao bem-estar.

“É contraditório, mas compreensível, dado a faixa etária e as tarefas comuns na adolescência”, disse Ivone Patrão, para quem isto significa que estes jovens sentem-se bem, pois “conseguem estar conectados ao grupo de pares e sentirem que pertencem ao grupo, ainda que a via seja o online”.

Como explicou, “até jogar os jogos online dá a percepção de pertencer a um grupo, apesar de haver pouca comunicação entre eles, pois o tema é só o jogo”.

Ivone Patrão contacta diariamente, no decurso da sua prática clínica, com o fenómeno dos jovens que dependem da internet e reconhece que este está a aumentar.

O Uso Problemático da Internet é “uma patologia”, para a qual “já se fazem tratamentos”.

“Atendo todos os dias jovens e famílias que chegam por vários motivos, como alterações no comportamento dos filhos, faltas às aulas, tempos livres totalmente ocupados com o computador”, disse.

Na origem destes problemas está, cada vez mais, o UPI. “Quando fazemos a triagem entendemos que o jovem está mais isolado e revela sintomas de dependência da ou na internet”, disse.

Um desses sintomas é irritabilidade quando não deixam o jovem jogar computador, nomeadamente a uma determinada hora em outros jovens estão também a jogar.

Na investigação, Ivone Patrão identificou jovens deprimidos, para quem a internet funciona como um escape, mas também o contrário: jovens com um percurso normal, mas que se cruzam com a onda de jovens que usam a internet.

Paralelamente com esta dependência da internet, estes jovens manifestam ausência de actividades face a face.

“Começamos a ver que não têm amigos, não têm rede – além da on-line - e isso vai pô-los em risco”, disse.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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