Maioria conhece riscos do sal para hipertensão, mas só um em cada quatro mudou consumo
No estudo sobre a “Percepção da População sobre Hipertensão”, da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH), a ser apresentado na quinta-feira, no 9º Congresso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global, 56% da população considera estar mais informada sobre a hipertensão enquanto um problema de saúde pública, sendo que 47% acredita estar mais informada do que há cinco anos atrás.
Em declarações, o presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH), Fernando Pinto, considerou este um dos resultados mais importantes do estudo, pois demonstra uma “melhoria significativa da consciência que as pessoas têm sobre o que é a hipertensão, o que a provoca e sobre os seus riscos, nomeadamente em termos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e enfarte.
Segundo Fernando Pinto, as doenças cérebro-cardiovasculares matam um em cada três portugueses e retiram em média 12 anos de vida útil.
Como “menos positivo” o responsável aponta o facto de, apesar de a maioria ter consciência de que o sal é mau para a saúde e é proporcionador de hipertensão, mas também das doenças que provoca, apenas um quarto mudou na prática os seus hábitos em relação à ingestão do sal.
De acordo com o estudo, 70% aponta o consumo excessivo de sal como a principal causa de hipertensão, seguido da má alimentação (56%) e do stress (40%).
O estudo indica ainda que 78% dos portugueses estão mais informados sobre os malefícios que uma dieta com alto teor de sódio pode provocar, mas mais de metade (54%) ainda desconhece o consumo diário de sal recomendado pela Organização Mundial de Saúde e apenas um quarto mudou os seus hábitos de consumo.
Recuando cinco anos atrás, verifica-se que esta percentagem se manteve inalterada, o que revela pouca preocupação na redução do consumo de sal, diz o estudo, sublinhando que 62% dos portugueses não verificam qual a quantidade de sal presente nos alimentos embalados e os que fazem não a identificam facilmente.
“Temos que continuar a alertar as pessoas para o risco do sal porque está a ter impacto. As pessoas estão mais conscientes. O outro passo menos fácil é fazer com que consigam habituar-se à redução do sal”, disse Fernando Pinto, comparando com os fumadores, que, apesar de conscientes do risco, têm dificuldade em deixar de fumar.
O responsável afirma que “o sal também é uma droga de adição” e que é preciso “tentar reduções progressivas”.
Para ajudar os portugueses a interpretar os rótulos dos alimentos, a SPH propôs a rotulagem dos alimentos com as cores do semáforo: vermelho para os alimentos com muito sal, amarelo com sal moderado e verde com pouco sal.
“Isto permitiria de forma rápida, no dia-a-dia fazer a escolha e levaria as empresas a reduzir o sal dos alimentos”, afirma, acrescentando que esta medida consta de uma directiva europeia que nunca foi transposta para Portugal, um dos países maiores consumidores de sal.
O estudo revela ainda que 85% da população considera que ter hipertensão é ter tensão alta e 61% percebe que é um problema grave de saúde, mas apenas 36% considera ser um problema muito grave e 28% desconhece os valores a partir dos quais se tem hipertensão.
Em termos dos principais riscos associados, 74% destaca o AVC e 61% o enfarte.
De acordo com Fernando Pinto, a hipertensão é o maior problema de saúde pública, com uma prevalência que atinge quase metade da população portuguesa (42%).
O presidente da SPH salienta ainda que se estima que haja um “aumento importante” de hipertensão nos jovens e adolescentes, fruto do consumo excessivo de sal, do sedentarismo e da obesidade.