Utentes da Saúde do Médio Tejo

Mau funcionamento das urgências deve-se a sub-financiamento e concentração

A Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo disse que as razões do mau funcionamento das urgências naquele Centro Hospitalar se devem à concentração da urgência médico-cirúrgica e ao crónico sub-financiamento dos hospitais.

Constituído pelas unidades hospitalares de Abrantes, Tomar e Torres Novas, separadas geograficamente entre si por cerca de 30 quilómetros, o Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT) funciona em regime de complementaridade de valências, abrangendo uma população na ordem dos 250 mil habitantes do Médio Tejo, distrito de Santarém.

"A concentração da urgência médico-cirúrgica num único hospital", no caso, em Abrantes, "e o crónico sub-financiamento dos hospitais, questões da responsabilidade do Ministério da Saúde, são os dois constrangimentos de raiz que contribuem para os recorrentes problemas na urgência do CHMT", disse o porta-voz da CUSMT.

"Em causa estão os tempos de espera para os atendimentos, em alguns casos a qualidade dos serviços prestados, e também o sofrimento a que são sujeitos alguns utentes que se deslocam às urgências, questão que coloca em causa a dignidade e, por vezes a vida, de quem a elas recorre", disse Manuel Soares.

"Protestam os utentes e familiares, pelas demoras e pelo corrupio constante entre as urgências básicas de Tomar e Torres Novas e a urgência médico-cirúrgica de Abrantes, tendo de percorrer dezenas e dezenas de quilómetros, protestam os profissionais por serem poucos e não terem condições de funcionamento, e protestam as corporações de bombeiros pelo demasiado tempo de espera pelas macas, o que põe em causa, muitas vezes, o seu serviço e a vida de pessoas", assinalou.

Manuel Soares defendeu a "resolução urgente dos problemas de funcionamento das urgências no Médio Tejo e a nível nacional", afirmando "temer por um agravamento da situação devido ao anunciado surto da gripe".

Questionado pela agência Lusa, o Conselho de Administração do CHMT, através da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, disse que, no período entre o dia 1 e 4 de Janeiro de 2015, o número de atendimentos no Serviço de Urgência Médico Cirúrgica do CHMT, em Abrantes, foi "abaixo do tempo médio de espera previsto".

"O registo foi de 607 episódios, com um tempo médio de espera entre a triagem e o atendimento médico de uma hora e 23 minutos, um tempo abaixo do tempo médio de espera previsto, inclusive para a cor verde (pouco urgente), do Sistema de Triagem de Manchester, sistema utilizado no Serviço de Urgência do Centro Hospitalar", informou a administração do CHMT.

O Conselho de Administração daquele centro hospitalar não confirmou o encerramento da Unidade de Curta Duração Cirúrgica de Abrantes no dia 17 de Janeiro, encerramento que chegou a estar previsto, tendo observado que, "para garantir o melhor funcionamento dos serviços prestados aos utentes", foram abertos concursos para a contratação de assistentes operacionais e de enfermeiros, números que não especificou.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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