Ordem dos Médicos

Falta de camas e de planeamento contribui para situação nos hospitais

A Ordem dos Médicos salientou hoje que Portugal perdeu num só ano mais de 400 camas hospitalares, considerando que este problema, aliado à falta de planeamento, contribui para relatos sobre congestionamento nos hospitais “de norte a sul do país”.

O Ministério da Saúde admite que a afluência às urgências é maior nesta altura do ano “um pouco por todo o lado”, mas adianta que “há serviços que estão a responder muito bem”, enquanto outros “têm maior dificuldade”.

“Os que têm maior dificuldade estão nos grandes centros urbanos, mas nem todos nos centros urbanos se deparam com problemas”, afirmou fonte oficial do Ministério.

Para a Ordem dos Médicos, os problemas de congestionamento nos hospitais estão a ocorrer um pouco por todo o país, com o bastonário a estimar que a situação se vai agravar quando Portugal entrar num período de maior epidemia de gripe.

“Isto é consequência inevitável das medidas tomadas por este governo por razões economicistas, porque a saúde está a ser gerida como uma repartição de finanças”, afirmou à Lusa o bastonário José Manuel Silva, criticando a falta de planeamento para preparar o inverno e o maior afluxo previsível de doentes aos hospitais e centros de saúde.

O bastonário lamenta que só no período depois do natal tenham sido tomadas algumas medidas ao nível dos centros de saúde, que é onde considera que tem origem a maior parte dos problemas.

“Enquanto a reposta dos cuidados de saúde primários não for a adequada, as urgências hospitalares vão estar permanentemente congestionadas em períodos de maior procura. O Ministério da Saúde devia ter feito planeamento para reforçar os horários de abertura dos centros de saúde e reforçar as equipas hospitalares, mas por razões economicistas não o fez”, disse.

Uma das soluções para os cuidados primários seria, segundo o bastonário, a contratação de médicos de família que se aposentaram precocemente. Nas contas da Ordem, nos últimos cinco anos reformaram-se 1.400 médicos de família, a maioria por antecipação.

Para os médicos, outro problema central é a falta de camas nos hospitais, já que, segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), Portugal tem quatro camas por cada mil habitantes.

Esta questão tem-se vindo a agravar, sublinha José Manuel Silva, dado que só entre Março de 2013 e Março de 2014 se perderam 420 camas hospitalares.

Na altura do Natal foram relatados problemas nas urgências do hospital Amadora-Sintra, que chegou a ter mais de 20 horas de espera, devido a problemas com os médicos escalados e a uma afluência maior do que o normal.

Depois desta situação, o Ministério decidiu determinar aos centros de saúde da Grande Lisboa para alargarem os seus horários de funcionamento nos dias 30 e 31 de Dezembro e 02 de Janeiro.

Já hoje foi noticiado que corporações de bombeiros de concelhos do Oeste, servidos pela urgência de Torres Vedras do Centro Hospitalar do Oeste, denunciaram que há ambulâncias a ficarem retidas no hospital por falta de macas, comprometendo o socorro às populações.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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