30% dos doentes candidatos a cirurgia às cataratas tem mais de 1,50 dioptrias de astigmatismo
Só 2% das operações às cataratas contemplam a correcção do astigmatismo, quando cerca de 30% dos doentes operados às cataratas têm também astigmatismo significativo. Esta é a principal conclusão do encontro que juntou dezenas de oftalmologistas.
“Apesar de cerca de 30% dos pacientes operados às cataratas sofrerem também de astigmatismo significativo, apenas 2% destas operações contemplam a correcção da deficiência visual, causada pelo formato irregular da córnea”, afirma o Professor Joaquim Murta, director do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
O evento realizado à margem do 57º Congresso Português de Oftalmologia deu a conhecer as mais recentes técnicas cirúrgicas para a correcção do astigmatismo, fundamentalmente durante a cirurgia da catarata. Debateram-se também as diversas abordagens à cirurgia: influência do astigmatismo na visão; intervenção cirúrgica em pacientes com astigmatismo que são operados às cataratas; intervenção cirúrgica em pacientes que são operados às cataratas e que previamente foram submetidos a um transplante de córnea; intervenção em pacientes jovens aquando da implementação de uma lente intra-ocular para correcção da miopia, hipermetropia e astigmatismo.
Segundo o Professor Joaquim Murta, que moderou o encontro, “as lentes intra-oculares são uma solução de grande precisão para os pacientes com astigmatismo. No entanto, para que o seu efeito seja total, é necessário o recurso a tecnologia moderna nomeadamente sistemas de controlo intra-operatório do eixo de implantação da lente bem como o laser de fentosegundo para a cirurgia de catarata”.
Durante o debate, que contou com especialistas nacionais e internacionais, foram apresentadas “técnicas cirúrgicas e novos instrumentos que permitem uma maior precisão e segurança nas intervenções, como o laser de fentosegundo, que realiza alguns passos muito importantes na cirurgia das cataratas”, explica o director do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Quanto às novas tecnologias para a cirurgia ocular, o Professor Joaquim Murta destaca que “esta foi uma área científica onde apareceram muitas novidades, quer na melhoria das lentes intra-oculares que permitem a correcção do astigmatismo, quer no aparecimento de instrumentos cirúrgicos que permitem ao cirurgião não só melhorar o cálculo correcto da potência da lente intra-ocular, bem como o posicionamento preciso da lente dentro do saco capsular do olho e ainda alguns passos cirúrgicos capitais”.
O astigmatismo, defeito refractivo que provoca visão desfocada e distorcida, afecta cerca de 26% da população2. No caso dos pacientes que se submetem a uma cirurgia às cataratas, a incidência do astigmatismo superior a 1,5 dioptrias chega aos 30%.
Em geral, os pacientes com cataratas desconhecem, a opção de corrigir o astigmatismo durante a intervenção cirúrgica. Para obter sucesso visual e prescindir de óculos na maioria das situações, é fundamental solucionar não só a remoção da catarata como os defeitos refractivos concomitantes.