Ébola:

Representantes dos países mais afectados admitem carências nos sistemas de saúde

Os três países da África Ocidental mais afectados pela epidemia de Ébola reconheceram em Genebra as carências dos seus sistemas de saúde, e coincidiram que a reconstrução dos respectivos serviços médico-sanitários vai custar centenas de milhões de euros

Os representantes dos três países participaram numa conferência de imprensa organizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no âmbito de uma reunião subordinada ao tema "Construção de sistemas de saúde resilientes nos países afectados por Ébola".

O ministro da Saúde da Guiné-Conacri, Rémy Lamah atribuiu à falta de conhecimento da epidemia e também à falta de capacidade de diagnóstico os 2.292 casos registados até agora no seu país, de que resultaram 1.428 mortos.

"A falta de capacidade de mecanismos de resposta bem como a debilidade da vigilância epidemiológica fez com que fossemos apanhados de surpresa", acrescentou o ministro. Rémy Lamah adiantou que a reconstrução do sistema de saúde na Guiné-Conacri deverá demorar "no mínimo" cinco anos e custar 242 milhões de euros.

Da Serra Leoa, que registou até agora 1.768 óbitos nos 7.897 casos, esteve também presente o ministro da Saúde.

Sem definir um prazo para a reconstrução do serviço nacional de saúde na Serra Leoa, Abu Bakarr Fofanah salientou que esse esforço constitui um "longo procedimento que depende de factores externos".

"Não é um evento, mas um processo. É complicado determinar um prazo porque depende de recursos que devemos negociar", disse. Bernice Dahn, vice-ministra da Saúde da Libéria, disse que com a epidemia, o país "tomou consciência da fragilidade do sistema".

Na Libéria, que registou 7.719 casos, entre os quais 3177 óbitos, as autoridades já estão a preparar o processo pós-Ébola. "Vamos fazer uma avaliação do impacto de Ébola. Actualizar o nosso Plano Nacional de Saúde, com particular atenção na vigilância de doenças e a resposta a dar", afirmou.

O objectivo do encontro de alto nível promovido pela OMS foi o de determinar para cada país um sistema básico de saúde que possa responder de forma adequada a crises futuras. "O primeiro objectivo é atingir zero infecções, mas esta resposta deve ser acompanhada de medidas a longo prazo para construir sistemas de saúde resilientes e efectivos", disse na ocasião a directora-adjunta da OMS, Marie Paule Kieny.

O primeiro de caso Ébola foi detectado na Guiné-Conacri em Dezembro de 2013 e a epidemia foi declarada em Março de 2014.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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