Doentes alertam para dificuldades no acesso a tratamentos e consultas
Neste contexto, o Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla, assinalado no próximo dia 4 de Dezembro, data em que também se assinala o 30º aniversário da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), servirá para alertar para as principais dificuldades com que se depara o doente português.
De acordo com Manuela Neves, Secretária-Geral da SPEM “mantém-se, como maior desafio com que se deparam os novos doentes, o acesso a medicação e também a um número ideal de consultas. No primeiro caso, estamos perante uma situação de existência de medicação cada vez mais eficaz para a patologia, a qual é acompanhada pelo aumento de entraves com que se deparam os doentes e também os médicos ao respectivo acesso. Por exemplo, a existência da Comissão de Terapêutica e Farmácia, que decide sobre a conveniência de um determinado medicamento, pode constituir um factor de grande atraso, pela demora da decisão ou até mesmo de impedimento de acesso, se decidir negativamente. Para além destes casos, o número de consultas dos doentes é manifestamente inferior ao que seria desejável, tanto nos grandes centros como Lisboa como em outras unidades de menor dimensão”.
Em consequência desta situação o número de pedidos de ajuda junto da SPEM subiu em 2014. “Para além de pedidos de esclarecimento sobre a própria patologia destacam-se, também, as denúncias de ilegalidades no âmbito do acesso à medicação e às consultas praticadas em hospitais portuguesas, de norte a sul do país”, conclui a mesma responsável.
A Esclerose Múltipla (EM) é uma das patologias mais comuns do sistema nervoso central e afecta actualmente mais de 8 mil portugueses. Trata-se de uma doença crónica, inflamatória e degenerativa, que afecta o Sistema Nervoso Central (SNC). É uma patologia que surge frequentemente entre os 20 e os 40 anos de idade, ou seja, entre os jovens adultos com maior incidência as mulheres do que os homens.
A esclerose múltipla é diagnosticada a partir de uma combinação de sintomas e da evolução que a doença apresenta na pessoa afectada, com recurso a exames clínicos e complementares de diagnóstico como a Ressonância Magnética Nuclear, o Estudo de Potenciais Evocados e a Punção Lombar.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde estima-se que em todo o mundo existam cerca de 2 milhões e meio de pessoas com EM. Esta pode produzir sintomas idênticos aos de outras patologias do SNC, pelo que o diagnóstico poderá demorar anos a acontecer.