Estudo

Mesmos neurónios podem tratar informação diferente em simultâneo

Uma equipa de investigadores, incluindo o português David Raposo, concluiu, numa experiência com ratos, que a mesma região do cérebro pode tratar em simultâneo diversa informação, inerente a decisões, recorrendo aos mesmos neurónios, revela um estudo.

A região do cérebro analisada é o córtex parietal posterior, envolvido em múltiplas tarefas cognitivas, como a tomada de decisões, tendo a equipa questionado se eram grupos especializados de neurónios - as células do sistema nervoso - que estavam dedicados a distintas tarefas, ou se eram muitos neurónios, no seu conjunto, a contribuírem para a realização dessas tarefas.

David Raposo, estudante do Programa Internacional de Doutoramento da Fundação Champalimaud, disse que a equipa verificou que "uma única rede de neurónios" está "envolvida em várias etapas de processos cognitivos complexos, como a tomada de decisões".

Na escolha de um restaurante para jantar, exemplificou, não só se avalia a qualidade da comida, mas também o seu preço.

Estas distintas avaliações, que se fazem para se decidir onde se vai jantar, ocorrem porque uma grande série de neurónios do córtex parietal posterior "contém, em conjunto, informação suficiente para a realização de mais do que uma tarefa em simultâneo", assinalou.

Na experiência que fez com ratos, a equipa de David Raposo sujeitou os roedores a responderem, diversas vezes por dia, a uma sequência variável de "flashes" de luz e tons sonoros, e registou a actividade dos neurónios no córtex parietal.

O investigador adiantou que a equipa propõe-se fazer, em colaboração com médicos e outros cientistas, dos Estados Unidos, testes semelhantes com voluntários humanos.

"O nosso objectivo é o de que um dia possamos aplicar estes conhecimentos em casos clínicos para, por exemplo, sabermos como restabelecer o normal funcionamento do cérebro em pacientes com perdas de capacidades cognitivas", afirmou David Raposo, que trabalha no Cold Spring Harbor Laboratory, em Nova Iorque.

O estudo foi publicado hoje na revista Nature Neuroscience.

 

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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