Com um português na equipa

Cientistas identificam gene que pode levar ao cancro do fígado

Uma equipa de cientistas, com um português, identificou um gene que pode levar ao envelhecimento precoce e ao cancro do fígado, o que permite apontar caminhos para novos fármacos, revelou o investigador Bruno Vaz.

“O que observamos a nível molecular nesta publicação da função que esta proteína tem, da função deste gene, acrescenta uma peça fundamental para perceber o que se passa durante a transformação tumoral e, ao adicionar esta peça extra, adiciona também a possibilidade de desenvolver um novo target de terapia”, explicou o investigador da Universidade de Oxford.

O trabalho, que juntou médicos, geneticistas e biólogos moleculares e foi recentemente publicado na revista Nature Genetics, permitiu identificar uma nova situação patológica, envelhecimento precoce e formação de tumor no fígado, uma nova causa genética, mutações no gene SPRTN, e identificar a função de uma proteína responsável pela instabilidade genética.

Uma informação dos cientistas da Universidade de Oxford explica que o leque de possíveis causas genéticas para o cancro estende-se a mais de uma centena de síndromes genéticas raras.

Apesar de estas síndromes afectarem um número limitado de pacientes, o seu estudo é “crucial na compreensão dos processos moleculares do desenvolvimento tumoral, permitindo identificar factores chave e alvos de novas estratégias terapêuticas”.

Em determinadas situações patológicas, as mutações são directamente transmitidas dos pais para os filhos, sendo suficientes para aumentar a possibilidade de formação de tumores, um dos exemplos que passou a ser mais conhecido é o gene BRCA1/2, que causa 25% dos tumores da mama, recentemente publicitado pela actriz norte-americana Angelina Jolie.

“O que acontece muitas vezes é que as mutações deste gene são incompatíveis com a vida”, referiu Bruno Vaz, acrescentando que, no entanto, em alguns casos, como aqueles de três pacientes seguidos pelos investigadores, há uma mutação “compatível com a vida, mas com consequências a nível do envelhecimento e da formação tumoral”.

Bruno Vaz explicou que cada célula integra componentes estruturais e esta proteína, este gene, tem uma função específica e, a partir do momento em que é identificada, “torna-se muito mais fácil desenvolver fármacos, inibidores farmacológicos que podem ser utilizados em tratamento tumoral”.

Quando questionado sobre se as conclusões desta investigação podem ser generalizadas a todas as pessoas com cancro, o especialista respondeu que “esse é o grande potencial da publicação, [referir-se] não só a estes pacientes, afectados por tumor no fígado, mas também a tumores no geral”. Para Bruno Vaz, um dos pontos importantes a ter em conta é que envelhecimento e cancro estão relacionados.

“O cancro é um problema de envelhecimento, agora não se sabe ao certo como é que uma pessoa tendencialmente envelhece durante um processo normal, porque envelhecimento é algo normal que tem de acontecer, só que há pessoas que envelhecem e desenvolvem cancro e outras não”, disse o cientista.

 

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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