Há 160 novos casos de diabetes por dia em Portugal
O Observatório Nacional da Diabetes revela que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) continua a registar uma evolução positiva de alguns indicadores, nomeadamente ao nível hospitalar com destaque para a diminuição da mortalidade intra-hospitalar nas pessoas com diabetes. Ao nível dos cuidados primários, importa referir uma maior abrangência na prestação dos cuidados de saúde na população diabética, assim como o aumento da observação do pé diabético.
Registam-se, contudo, outros indicadores com evoluções preocupantes como o aumento dos internamentos associados ao pé diabético e o aumento das amputações dos membros inferiores, contrariando a tendência de redução que se vinha a verificar. A população com diabetes representou, em 2013, 25% da mortalidade intra-hospitalar no SNS, ou seja, um quarto das pessoas que morrem nos hospitais têm diabetes.
A prevalência da diabetes mellitus (DM) continua a aumentar, o que significa que não se pode baixar a guarda na luta pela sua prevenção:
Em Portugal, há um milhão de pessoas com diabetes, das quais 44% não estão diagnosticadas.
Em 2013, foram detectados 160 novos casos de diabetes por dia.
40% da população portuguesa entre os 20 e os 79 anos já tem diabetes ou pré-diabetes.
Verifica-se maior prevalência nos homens (15,6%) do que nas mulheres (10,7%).
Em 2013 foram detectados 18,2 novos casos de diabetes tipo 1 por cada 100 mil jovens com idades compreendidas entre os 0-14 anos, valor bastante superior ao registado em 2004 (dinâmica semelhante à verificada no escalão etário dos 0-19 anos).
O número de utentes saídos (internamentos hospitalares) por “pé diabético” registou um acréscimo significativo nos últimos dois anos (+201 episódios).
Mais de uma em cada quatro das pessoas entre os 60-79 anos tem diabetes.
A prevalência da diabetes nas pessoas obesas (IMC›= 30) é cerca de quatro vezes maior do que nas pessoas com IMC normal (IMC‹25).
A prevalência da diabetes gestacional em Portugal Continental em 2013 foi de 5,8% da população parturiente que utilizou o SNS durante esse ano, registando um acréscimo significativo do número absoluto de casos registados, comparativamente com o ano transacto.
O número de utentes saídos/internamentos nos hospitais do SNS em que a diabetes se assume como diagnóstico principal apresenta uma tendência de crescimento nos últimos cinco anos (40%), em grande medida associada ao aumento do número de day cases.
Os gastos com a diabetes representaram 1% do PIB português em 2013 e 10% da Despesa em Saúde.
O custo médio das embalagens de medicamentos da diabetes mais do que duplicou o seu valor nos últimos dez anos.
Sinais positivos
Comparativamente a 2012 verificou-se um aumento de 8,8% do número de utentes com diabetes registados na Rede de Cuidados de Saúde Primários (correspondendo a um acréscimo de 62 mil utentes).
As consultas de diabetes representam 8% das consultas dos cuidados primários (em 2011 representavam 6%).
Regista-se uma diminuição progressiva da duração média dos internamentos associados a descompensação/ complicações da diabetes (verificou-se uma redução superior a 20 mil dias de internamento na última década), mantendo-se, no entanto, com valores médios de internamento superiores aos valores médios dos internamentos do SNS.
De acordo com o Observatório Nacional da Diabetes, regista-se uma diminuição da taxa letalidade intra-hospitalar nos doentes hospitalizados com diabetes, quer como diagnóstico principal quer como diagnóstico associado.
Há também uma diminuição do número de óbitos registados nos internamentos em que a DM foi o diagnóstico principal (-36% na última década) e o aumento (46% nos últimos 10 anos) do número de óbitos nos internamentos com registo de diabetes como diagnóstico associado.
Apesar do acréscimo de despesa registado no último ano em medicamentos para a diabetes, realce-se o facto dos encargos totais dos utentes com estes medicamentos ter estabilizado nos últimos 3 anos.
Prevalência e incidência da diabetes
Em 2013 a prevalência estimada da diabetes na população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,8 milhões de indivíduos) foi de 13%, isto é, mais de 1 milhão de portugueses neste grupo etário tem diabetes.
O impacto do envelhecimento da estrutura etária da população portuguesa (20-79 anos) reflectiu-se num aumento de 1,3 pontos percentuais (p.p.) da taxa de prevalência da diabetes entre 2009 e 2013, o que corresponde a um crescimento na ordem dos 11%.
Verifica-se a existência de uma diferença estatisticamente significativa na prevalência da diabetes entre os homens (15,6%) e as mulheres (10,7%). Verifica-se também a existência de um forte aumento da prevalência da diabetes com a idade. Mais de um quarto das pessoas entre os 60-79 anos tem diabetes.
Nota-se ainda uma relação entre o escalão de Índice de Massa Corporal (IMC) e a diabetes, com perto de 90% da população com diabetes a apresentar excesso de peso (49,2%) ou obesidade (39,6%), de acordo com os dados recolhidos no âmbito do PREVADIAB.
Diabetes nas crianças e jovens
A diabetes tipo 1 nas crianças e nos jovens em Portugal, em 2013, atingia 3.261 indivíduos com idades entre 0-19 anos, o que corresponde a 0,16% da população portuguesa neste escalão etário. Apesar da diminuição registada na população entre os 0 e os 19 anos, o número de jovens com diabetes neste escalão etário mantém-se estável.
Em 2013 foram detectados 18,2 novos casos de diabetes tipo 1 por cada 100 mil jovens com idades compreendidas entre os 0-14 anos, valor bastante superior ao registado em 2004 (dinâmica semelhante à verificada no escalão etário dos 0-19 anos).
Diabetes gestacional
A prevalência da diabetes gestacional em Portugal Continental em 2013 foi de 5,8% da população parturiente que utilizou o SNS durante esse ano, registando um acréscimo significativo do número absoluto de casos, comparativamente ao ano transacto. Verifica-se ainda que a prevalência da diabetes gestacional aumenta com a idade das parturientes, atingindo os 15,3% nas mulheres com idade superior a 40 anos.
Cuidados primários/consultas de diabetes
Em 2013, na Rede de Cuidados de Saúde Primários do SNS de Portugal Continental encontravam-se registados 765.901 utentes com diabetes, (dos quais 55,4% nas Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados - UCSP e 44,6% nas Unidades de Saúde Familiar - USF), num universo de 12.151.041 utentes registados (dos quais 58,6% nas UCSP e 41,4% nas USF).
Comparativamente a 2012, verificou-se um aumento de 8,8% do número de utentes com diabetes na Rede de Cuidados de Saúde Primários (correspondendo a um acréscimo de 62 mil utentes).
Note-se que, dos cerca de 766 mil utentes com diabetes, cerca de 623 mil contactaram com o sistema, mas apenas 515 mil são seguidos regularmente.
Hospitalização
O número de utentes saídos/internamentos nos hospitais do SNS em que a diabetes se assume como diagnóstico principal apresenta uma tendência de crescimento nos últimos cinco anos (40%), em grande medida associada ao aumento do número de day cases.
Letalidade intra-hospitalar
A população com Diabetes representou, em 2013, 24,9% da letalidade intra-hospitalar no SNS (correspondendo a 11.679 indivíduos), ou seja, cerca de um quarto das pessoas que morrem nos hospitais têm diabetes. De acordo com este relatório, regista-se uma diminuição da taxa de letalidade intra-hospitalar nos doentes hospitalizados com diabetes, quer como diagnóstico principal quer como diagnóstico associado.
Simultaneamente, é de realçar a diminuição do número de óbitos registados nos internamentos em que a DM foi o diagnóstico principal (-36% na última década) e o aumento (46% nos últimos 10 anos) do número de óbitos nos internamentos com registo de diabetes como diagnóstico associado.
Complicações da diabetes – Pé
O número de utentes saídos (internamentos hospitalares) por “pé diabético”, uma das complicações da diabetes, registou um acréscimo significativo nos últimos dois anos (+201 episódios).
O número total de amputações dos membros inferiores, por diabetes, tem registado uma ligeira trajectória de crescimento nos últimos dois anos (associado principalmente ao aumento das amputações minor).
Apesar de se fazer mais observação do pé nos cuidados primários, essa melhoria ainda não se traduziu nos cuidados hospitalares, já que continuaram a aumentar os internamentos por amputações e por complicações do pé.
Consumo de medicamentos diabetes
O crescimento do custo dos medicamentos da diabetes tem assumido uma especial relevância (+ 263%) face ao crescimento efectivo do consumo, quantificado em número de embalagens vendidas (+ 66%). Os utentes do SNS têm encargos directos de 18 Milhões de Euros com o consumo de anti-diabéticos Orais e de Insulinas, o que representa 8% dos custos do mercado de ambulatório com estes medicamentos no último ano. Neste sentido, apesar do acréscimo de despesa registado no último ano, realce-se o facto dos encargos totais dos utentes com estes medicamentos ter estabilizado nos últimos 3 anos. O custo médio das embalagens de medicamentos da diabetes mais que duplicou o seu valor nos últimos 10 anos.
Custos da Diabetes
Em 2013, a diabetes em Portugal representou um custo directo estimado entre 1.250 – 1.500 milhões de euros (valor similar ao ano passado). Isto representa 0,8%-0,9% do PIB português em 2013 e 8%-9% da Despesa em Saúde em 2013. Por outro lado, se considerarmos o custo médio das pessoas com diabetes, de acordo com os valores apresentados pela Federação Internacional da Diabetes (IDF) em 2013, a doença em Portugal representou um custo de 1 713 milhões de euros. Tais valores representam 1% do PIB português em 2013 e 10% da Despesa em Saúde em 2013.
A diabetes no mundo
Em 2013 estima-se a existência de 382 milhões de pessoas com diabetes. Em 2035 este valor subirá para 592 milhões.
O número de pessoas com diabetes tipo 2 está a aumentar em todos os países.
Existem 175 de milhões de pessoas com diabetes que desconhecem que têm a doença.
A diabetes provocou 5,1 milhões de mortes em 2013. A cada 6 segundos morre uma pessoa por diabetes.
Mais de 79 mil crianças e jovens desenvolveram Diabetes tipo 1 em 2013.
Mais de 21 milhões de nascimentos foram afectados, durante o período de gravidez, por hiperglicemia materna (84% por diabetes gestacional e 16% por diabetes prévia à gravidez).
A diabetes é já a quarta principal causa de morte na maior parte dos países desenvolvidos e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Ainda segundo dados fornecidos pela OMS, esta patologia pode conduzir a uma redução da esperança média de vida, pela primeira vez em 200 anos. Portugal posiciona-se entre os países Europeus que registam uma mais elevada taxa de prevalência da diabetes.
Sobre o relatório
Desenvolvido como uma das medidas estratégicas definidas pelo Programa Nacional para a Diabetes na luta contra a doença em Portugal, o Observatório Nacional da Diabetes foi constituído como uma estrutura integrada na Sociedade Portuguesa de Diabetologia - SPD, com o apoio da Direção Geral da Saúde – DGS. Uma das actividades do Observatório Nacional da Diabetes é a edição anual de um Relatório dos Factos e Números relativos à evolução da Diabetes em Portugal.