Três em cada cem vítimas mortais de acidente rodoviário tinham consumido cannabis
A presença de canabinóides foi detectada em 3,2% (52 vítimas) das autópsias realizadas pelo Instituto de Medicina Legal, divulgou Jorge Rosmaninho, do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML), durante a I Conferência do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, que decorreu no auditório da reitoria da Universidade de Coimbra, na passada quinta e sexta-feira.
Em 44,2% desses casos, os canabinóides foram detectados em associação com o etanol, tendo, em 46% das vítimas, sido detectada apenas a presença de cannabis, referiu.
Apesar da presença desta droga, o etanol - álcool - continua a ser a substância mais presente, tendo sido detetado em 15,5% das vítimas mortais, em acidentes rodoviários.
Jorge Rosmaninho, recordando um estudo europeu, sublinhou que "o risco de um condutor com cannabis sofrer um acidente de viação fatal é o dobro do experimentado por um indivíduo sem essa substância", referindo que essa probabilidade aumenta "até 15 vezes", se a cannabis estiver associada ao álcool.
O vice-presidente do INML, João Pinheiro, disse à agência Lusa que "houve uma aceitação do consumo desta droga e isso não é bom", apontando para o estudo como forma de demonstrar que a cannabis "não é uma droga inócua".
Contudo, "não se pode dizer que foi por consumir que a pessoa teve o acidente, como também não se pode garantir o contrário".
O vice-presidente do instituto realçou ainda a maior presença da substância em homens entre os 20 e os 25 anos e os 40 e os 45 anos.