Modelo com vitiligo vence barreiras no mundo da moda
Nascida em Toronto, Chantelle Brown-Young, portadora de vitiligo desde os quatro anos de idade, foi descoberta por uma jornalista local aos 16 anos. O seu rosto perfeito e porte de modelo, distribuído em 1,78m de altura, já a fizeram dar os primeiros passos na carreira, arranjando alguns trabalhos que mais serviam para construir portfólio do que propriamente para ganhar dinheiro. O vitiligo caracteriza-se pela redução ou ausência de melanina em certas regiões do corpo, manifestando-se com manchas brancas bem delimitadas e com tendência para a simetria.
Agora Chantelle Brown-Young chamou a atenção de Tyra Banks no seu reality show “America's Next Top Model” e teve oportunidade de contar a sua história, que tem servido para quebrar as barreiras do preconceito no mundo da moda.
Na época, um vídeo em que contava a sua história tornou-se viral e foi a partir deste que Tyra Banks ficou a saber da existência de Chantelle. A jovem, que integrou a 21ª temporada do programa (actualmente no ar), tem visto a sua carreira transformar-se, principalmente por causa da atenção dos meios de comunicação.
Agora, com apenas 20 anos de idade, a canadiana é a imagem da casa espanhola Desigual e comenta que tem tido abertura na indústria da moda - mas que também não entra em grandes crises quando é negada para algum trabalho. “Nem todos terão a mesma mentalidade para certas coisas”, argumenta. “Se alguém não quer trabalhar comigo, não vejo isso como algo negativo. Apenas entendo que o meu perfil não se encaixa no actual conceito do cliente para determinada campanha ou desfile.
A exemplo do bullying sofrido, logo na sua primeira aparição no “America's Next Top Model”, Chantelle comentou que já chegaram a perguntar, em tom jocoso, se a mãe dela era branca e o pai negro para justificar as tais manchas tão definidas - fora os apelidos de “vaca” ou “zebra”. “Precisei de muito tempo para construir dentro de mim a força e a coragem necessária para subir numa passarela e sentir-me poderosa”, contou.
“Não acho que o grande problema da nossa sociedade se encontre em como lida com a beleza. Para mim, a questão maior está mais relacionada com os julgamentos. Quanto menos julgarmos e construirmos estereótipos, menos inseguras as pessoas se sentirão”.
Chantelle afirma que a sua maior dificuldade, na transição da infância para a adolescência, foi a auto-aceitação. “Acredito que as maiores batalhas que se têm na vida são com nós mesmos”, diz. Segundo ela, a base da construção da auto-estima está, primeiramente, em conseguir orgulhar-se e ser feliz com quem você é por dentro. “Há sempre espaço para melhorias, somos seres em desenvolvimento. Mas é necessário conseguir amar-nos durante esse processo”. As pessoas relacionam sempre tudo com a beleza, quando ela apenas está nos olhos de quem a vê”.