Liga apela à importância de diagnóstico precoce do cancro de mama
“É necessário diagnosticar os casos de cancro da mama numa fase muito precoce, quando nem sequer são palpáveis: quando a mulher e o médico não palpam qualquer nódulo. E isso só é possível detectar através da realização de uma mamografia e, eventualmente, uma ecografia”, explicou.
De acordo com Carlos Oliveira, se for detectado um tumor com 5 milímetros ou menos de 1 centímetro, na maior parte dos casos, conseguem-se “sobrevivências acima dos 80% aos cinco anos em mulheres atingidas por esta doença”. “Se este tumor for detectado porque a mulher palpou e tem três centímetros, provavelmente a sobrevivência decai para cerca de 50%”, acrescentou. Para o médico, o diagnóstico precoce tem “um impacto muito grande na mortalidade do cancro de mama”.
“Estamos a falar de diferenças muito significativas: quando se detecta o tumor da mama não palpável, em cada 100 mulheres há pelo menos 85 que sobrevivem. Se o tumor for detectado porque a mulher o palpou, a sobrevivência em cada 100 mulheres é de 50”, evidenciou.
O rastreio permite “não só detectar o tumor quando ainda tem dimensões muito reduzidas", como permite "sinalizar lesões que são precursoras de um cancro da mama”.
“Neste mês, dedicado à prevenção do cancro da mama, o nosso grande objectivo é divulgar o rastreio dirigido a mulheres entre os 45 e os 69 anos, com a realização da mamografia de dois em dois anos”, informou.
Para sábado, está agendada a iniciativa “Pequenos Passos, Grandes Gestos”, que pretende "estimular as mulheres a participarem em rastreios".
“Vamos ter caminhadas em sete capitais de distrito da região centro. Como não há forma de fazer prevenção primária no cancro de mama, temos de apelar à prevenção secundária, com o rastreio, que, neste momento, tem evidência científica e comprovados benefícios para as mulheres”, defendeu.
Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Covilhã, Guarda, Leiria e Viseu são as cidades por onde passa esta grande campanha de sensibilização para a prevenção e detecção precoce do cancro da mama.
O presidente do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) avançou ainda que o cancro da mama tem vindo a aumentar progressivamente, provavelmente relacionado com o envelhecimento da população, mas também com os estilos de vida.
“Prevê-se que em Portugal, no ano de 2030, se verifique um aumento da incidência do cancro da mama na ordem dos 20 a 25% em relação aos dados actuais. Portanto, cada vez vamos ter mais cancros da mama”, realçou.
A incidência do cancro da mama em Portugal é de “cerca de 80 novos casos por cada 100 mil mulheres, por ano”. “Temos mais de 5 mil novos casos de cancro da mama por ano em Portugal, mas felizmente temos um número muito grande de sobreviventes. Hoje em dia, há mulheres vivas que estão bem e que tiveram cancro de mama há 5, 10, 15, 20 anos”, concluiu.