Especialista refere:

Qualidade do ar foi “excelente” este ano no que respeita a ozono

A qualidade do ar foi “excelente” relativamente à presença do poluente ozono, na primavera e verão deste ano e só se verificaram duas excedências dos valores medidos, perto de Lisboa, afirmou hoje um especialista.

“Duas excedências é verdadeiramente excepcional e a meteorologia é claramente responsável, havendo talvez uma ajuda das emissões, mas tivemos esta primavera e verão uma excelente qualidade do ar no que ao ozono troposférico diz respeito”, disse Francisco Ferreira, do Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa.

Esta entidade segue os dados sobre concentrações de ozono troposférico, que se encontra à superfície, ao contrário do ozono da estratosfera, que protege das radiações ultravioleta e tem sido muito falado devido ao “buraco” relacionado com o aquecimento global.

O ozono troposférico “é extremamente prejudicial à vegetação e à saúde humana e apresenta, habitualmente nos países do sul da Europa, concentrações elevadas durante a primavera e o verão”, explicou Francisco Ferreira.

Com base nos dados recolhidos pelas comissões de coordenação e desenvolvimento regional, foi feita uma análise dos últimos 10 ou 11 anos, quando passou a haver uma rede de monitorização nacional a seguir o ozono.

O especialista salientou que “2014 foi um ano que, em termos de qualidade do ar e deste poluente, o ozono, não podia, praticamente ter sido melhor”, e teve somente duas excedências dos níveis de limiar de informação ao público (180 microgramas por metro cúbico).

Estas duas excedências ocorreram em Junho e na mesma estação de medição, no concelho do Barreiro, e não houve qualquer ultrapassagem do limiar de alerta, que é de 240 microgramas por metro cúbico, referiu Francisco Ferreira.

Em 2005, um ano com “um conjunto grande de ondas de calor, embora não tão grande como 2003”, detectaram-se em toda a rede de monitorização 903 horas com valores superiores ao limiar de informação ao público. O segundo ano com valores mais elevados foi 2006, com 717 excedências.

Em 2013 e 2012, registou-se uma ocorrência de ultrapassagem de limiar de alerta cada ano. Quanto a excedências do limite de informação ao público, em 2012 verificaram-se 56 e em 2013 foram 155.

“É surpreendente esta mudança climática que está a ocorrer e tem influência, neste caso benéfica, sobre os dados da qualidade do ar”, frisou.

Alguns dos compostos precursores do ozono são de origem natural, como as florestas, mas “muitos e com grande expressão”, como o tráfego rodoviário e as centrais térmicas, resultam da actividade humana.

As excedências ocorrem normalmente ao meio da tarde ou final de dias, quando há com vento relativamente fraco, forte radiação solar e temperaturas elevadas.

Valores elevados de ozono podem provocar efeitos nocivos na saúde humana, especialmente em crianças, idosos, asmáticos e pessoas com outras doenças respiratórias ou cardíacas.

 

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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