Vírus Ébola altamente mortal
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Ébola apareceu em 1976 em dois surtos simultâneos no Sudão e na República Democrática do Congo. Este último foi numa aldeia situada próximo do rio Ébola, que deu nome ao vírus. A doença do vírus Ébola, também conhecida como febre hemorrágica, é altamente mortal (mais de 90% dos casos) e os sintomas iniciais incluem febre, fraqueza extrema, dores musculares e dor de garganta. Contudo, à medida que a doença se agrava o doente pode também apresentar vómitos, diarreias e mesmo hemorragia interna e externa. Uma vez que estes sintomas são comuns a outras doenças, o diagnóstico pode apresentar-se difícil.
O período de incubação do Ébola pode ir de dois dias a três semanas. Ou seja, “há 21 dias, que é o período máximo de infecção, durante o qual a pessoa pode estar infectada e ainda não tem sinais e sintomas. Dentro deste período largo, felizmente, este vírus não se transmite. Portanto, quando as pessoas vêm de um país qualquer afectado e vêm saudáveis e se integram na comunidade e fazem a sua vida de família, no seu bairro, no seu trabalho, enquanto se mantiverem saudáveis não constituem nenhum perigo para a sociedade”, disse a Subdirectora da Direcção-Geral da Saúde, Graça Freitas, à TVI24, acrescentando ainda que, “Se tiverem sintomas, só a partir desse momento é que se tornam infecciosas, contagiando outras pessoas através do contágio directo com líquidos orgânicos, com secreções, com vómitos, com sangue”.
Sintomas
A febre súbita costuma ser o principal sinal, acompanhada de fraqueza, dores musculares, dores de cabeça e de garganta. Para além destes, podem surgir no decurso da doença, náuseas, diarreias, feridas na pele, problemas hepáticos e mesmo hemorragia interna e externa. O período de incubação, entre a infecção e o aparecimento dos primeiros sintomas, pode ir dos dois aos 21 dias.
Indivíduos que tenham estes sintomas e suspeitem que possam estar infectados com o vírus não devem ir a correr para um serviço de urgência, mas sim ligar para Linha de Saúde24 (808 24 24 24) ou, se os sintomas forem muito exacerbados deve contactar o INEM através do 112.
Transmissão
O vírus transmite-se aos humanos através do contacto com animais, como morcegos, macacos, chimpanzés que estejam contaminados. Os morcegos da fruta são considerados os hospedeiros do vírus.
Entre humanos, o vírus pode propagar-se através do contacto directo com sangue contaminado, urina, fezes, fluidos corporais ou órgãos do doente. A transmissão da doença por via sexual pode ocorrer até sete semanas depois da recuperação clínica. Isto porque as pessoas permanecem contaminadas enquanto o seu sangue e as suas secreções contiverem o vírus.
O Ébola também se pode transmitir através do contacto com ambientes contaminados, por exemplo em funerais de vítimas, se outras pessoas tiverem contacto directo com o corpo do defunto.
Contudo Graça Freitas alerta que “não há hipótese de contágio através de um aperto de mão, um copo mal lavado, ou uma casa de banho de um avião”, sublinhando que “a vantagem nos países mais desenvolvidos é que as pessoas que desenvolvem sintomas e sinais habitualmente procuram cuidados médicos”.
Tratamento
Não existe cura nem um tratamento específico para a febre hemorrágica provocada pelo vírus do Ébola. A taxa de mortalidade situa-se entre os 25 e os 90%.
Aos doentes são administrados os tratamentos que costumam ser administrados nos cuidados intensivos, com destaque para a hidratação.
Existem várias vacinas em fase de teste, mas não estão ainda disponíveis para uso clínico, embora os doentes norte-americanos infectados, e que foram entretanto transportados para os Estados Unidos, tiveram acesso a uma vacina experimental com bons resultados.
Medidas anunciadas pela Direcção-Geral da Saúde
- Reforço da articulação internacional, nomeadamente com a Organização Mundial da Saúde, com o European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC), em Estocolmo, e com outros Estados;
- Recomendação aos cidadãos para que ponderem viajar apenas em situações essenciais, tendo em atenção o princípio da precaução, apesar de não estarem interditadas, actualmente, viagens internacionais para áreas afectadas;
- Os viajantes são alertados para procurarem aconselhamento médico caso se verifique exposição ao vírus ou desenvolvam sintomas de doença;
- Portugal tem em estado de prontidão mecanismos para detectar, investigar e gerir casos suspeitos de doença por vírus Ébola, incluindo capacidade laboratorial para confirmação da doença;
- Estão previstas medidas para facilitar a evacuação e a repatriação dos cidadãos que possam ter estado expostos ao vírus.
Hospitais e laboratório de referência em Portugal
Em Portugal, os hospitais para onde serão encaminhados os doentes suspeitos de estarem infectados com o vírus do Ébola são os hospitais Curry Cabral e Dona Estefânia, em Lisboa, e São João, no Porto. Já o laboratório de referência é o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.