Utentes de Santarém reclamam por saúde de qualidade e proximidade
Em conferência de imprensa realizada hoje frente ao Hospital de Santarém, o Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) fez uma análise crítica do actual momento da prestação de cuidados de saúde no distrito e antecipou o que entende ser a “intenção governamental para a redução de cuidados de saúde”, reafirmando ainda as suas propostas para o sector no distrito de Santarém.
Em declarações à agência Lusa, o porta-voz do MUSP disse que “as políticas governamentais continuam a agravar as condições de acesso a cuidados de saúde e aumentam o sofrimento dos utentes”, tendo lembrado as acções desenvolvidas nos últimos meses no distrito de Santarém e “chamando à atenção para os graves problemas no acesso a cuidados de saúde, nos hospitais e centros de saúde”.
Segundo Manuel Soares, “a situação tem vindo a agravar-se de tal forma que, para além dos protestos dos utentes e os trabalhadores com os seus sindicatos, médicos, enfermeiros, função pública e ordens profissionais, também os autarcas levantam a sua voz face às situações dramáticas que se vão conhecendo”.
Como exemplo, apontou as tomadas de posições das Comunidades Intermunicipais da Lezíria e Médio Tejo, que, “face à degradação na prestação de cuidados de saúde, solicitaram reuniões com o ministro da tutela e aprovaram moções e outros documentos rejeitando a Portaria 82/2014, que poderá levar ao encerramento de dezenas de serviços hospitalares”.
Manuel Soares disse ainda que “a redução do financiamento das unidades de saúde tem provocado dramáticas carências de recursos humanos” tendo feito notar que “médicos, enfermeiros, técnicos de saúde, administrativos e outros trabalhadores faltam um pouco por todo o lado”.
“Se à aplicação da Portaria 82/2014 adicionarmos a ideia de juntar todos os hospitais do distrito numa única entidade, teremos a tempestade perfeita para dificultar de forma dramática o acesso a cuidados de saúde”, vincou.
A revogação da Portaria 82/2014, de reclassificação dos hospitais, a manutenção e dinamização das valências da Urgência, Medicina Interna, Pediatria e Cirurgia Geral nos quatro hospitais (Abrantes, Tomar, Torres Novas e Santarém), a articulação dos cuidados de saúde, manutenção das duas maternidades nos hospitais de Abrantes e Santarém, mais médicos e outros profissionais nos centros de saúde e ainda farmácias nos meios rurais e cuidados de saúde de proximidade e qualidade são reivindicações lembradas pelo porta-voz do MUSP.