Deco critica proposta do Tribunal de Contas

Consultas em 15 minutos “menosprezam acto médico”

A Deco opôs-se à fixação do tempo médio das consultas em 15 minutos, por considerar que “menospreza o ato médico”, A Associação para a Defesa do Consumidor advertiu que o essencial é “assegurar a qualidade dos cuidados e não a quantidade cronometrada”.

A Deco reagiu assim a uma recomendação de um relatório do Tribunal de Contas, divulgado na quarta-feira, que sugere que o tempo médio de uma consulta seja de 15 minutos, para diminuir as listas de utentes sem médico de família.

Em comunicado divulgado no site oficial, a Deco informa que, actualmente, o tempo médio registado numa consulta ronda os 21 minutos e, de acordo com as contas dos auditores, a redução para 15 minutos permitiria fazer mais 10,7 milhões de consultas.

Para a associação, esta proposta “menospreza o acto médico, reduzindo-o a uma actividade meramente contabilística e sem ligação à realidade e à individualidade dos utentes”, e carece de fundamentação científica.

“Com esta proposta, o Tribunal de Contas extravasou o âmbito da sua intervenção e demonstrou uma visão tecnocrática e desconhecedora da importância da interacção entre médico e utente”, salienta a Deco.

A associação lembra que compete aos médicos adaptar a duração da consulta a cada utente, adiantando que os estudos que tem realizado nesta área evidenciam a necessidade de o clínico aprofundar o tempo que dedica ao doente.

“É frequente este queixar-se de que o médico não o ouve, não aprofunda o caso, não explica a sua condição, não o envolve ou não discute as propostas de tratamento”, sustenta.

O relatório da auditoria do Tribunal de Contas ao desempenho das unidades funcionais de cuidados de saúde primários sugere também que o Ministério da Saúde reveja o despacho que elimina do ficheiro do médico os utentes que passem três anos sem ir ao centro de saúde.

A Deco diz concordar com esta proposta, porque “a decisão do Governo não resolve o problema (cria, aliás, uma nova lista de utentes sem médico de família) e menospreza a vertente da intervenção preventiva dos Cuidados de Saúde Primários”.

 

Fonte: 
TVI24 Online
Nota: 
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