Ordem dos Nutricionistas alerta

Relatório da OMS defende maior esforço na prevenção

A Organização Mundial da Saúde apresentou um estudo acerca dos progressos alcançados na prevenção e controle de doenças crónicas não transmissíveis, destacando a necessidade de os países intensificarem iniciativas com vista a combater este tipo de doenças.

Embora muitos países tenham já feito progressos na luta contra a "epidemia" das DCNT, incluindo doenças cardíacas, cancro, diabetes e doença pulmonar crónica, a mortalidade global actual das DCNT permanece “inaceitavelmente elevado e está a aumentar” demonstrando que os progressos têm sido insuficientes e desiguais, refere o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) agora divulgado.

O “Noncommunicable diseases country profiles 2014” foi apresentado na Assembleia Geral da ONU e traçou um quadro de tendências recentes e respostas governamentais a DCNT em 194 países. O relatório revela que 38 milhões de pessoas (28 milhões nos países em desenvolvimento) morrem anualmente de doenças crónicas não transmissíveis (DCNT), quase 16 milhões prematuramente - antes de atingirem os 70 anos de idade. O número de mortes por DCNT tem aumentado em todo o mundo e em todas as regiões desde 2000, a maioria no Sudeste Asiático e nas Regiões do Pacífico Ocidental.

“Estas mortes prematuras seriam, em grande parte evitáveis, caso os governos aplicassem medidas simples para reduzir os factores de risco para DCNT e permitissem que os sistemas de saúde pudessem responder”, refere o relatório. “Medidas mais ousadas são urgentes para acelerar os esforços para enfrentar as doenças não transmissíveis e mitigar seus impactos”.

O relatório incluiu a estimativa sobre a carga actual e as tendências recentes em mortes por DCNT e factores de risco, como o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, a hipertensão arterial e a obesidade. O relatório avaliou também a capacidade dos países de tomarem medidas. Muitos dos 178 países que participaram na investigação, fizeram progressos na luta contra a epidemia.

A directora-geral da OMS, Margaret Chan refere: “Eu não vejo nenhuma falta de compromisso. Vejo uma falta de capacidade de agir, especialmente no mundo em desenvolvimento”, apontando para os dados que mostram que 85% das mortes prematuras por DCNT ocorrem em países em desenvolvimento. “Os desafios continuam enormes e exigem uma mudança fundamental na forma como o progresso social é medido, a forma como os governos trabalham, a forma como as responsabilidades são atribuídas e a forma como as fronteiras de diferentes sectores do governo são definidos”, refere Chan.

Destacando que estas doenças crónicas têm ultrapassado as doenças infecciosas como a principal causa de morbidade e mortalidade, a directora-geral da OMS pediu uma “mudança sísmica” que exige mudanças radicais na própria mentalidade da saúde pública. A responsável apelidou a Declaração Política da Assembleia Geral de 2011, sobre a prevenção e controle de DCNT, como “um divisor de águas”, destacando que esta declaração levou a compromissos corajosos para agir colocando a prevenção à frente, como pedra angular, de uma resposta global.

No que respeita a Portugal, pode ler-se no relatório, estima-se que as DCNT são responsáveis por 86% das mortes prematuras, sendo as doenças cardiovasculares e o cancro as principais responsáveis.

Para a Ordem dos Nutricionistas, este relatório assume uma grande importância na medida em que Portugal também se encontra na lista dos 178 países analisados. “A prevenção é a única forma de travarmos estas doenças crónicas não transmissíveis”, refere Alexandra Bento, Bastonária da Ordem dos Nutricionistas. “Enquanto os nossos governantes não entenderem que a maior fatia do investimento em saúde deve ser feito na prevenção, e não no tratamento, nunca teremos, por um lado, a diminuição da doença e por outro a diminuição dos encargos na saúde no tratamento destas doenças.” Dada a grande relação entre a alimentação desadequada e o aparecimento das DCNT, nomeadamente aquelas que mais matam em Portugal, como as doenças cardiovasculares, é fundamental uma política alimentar e nutricional que envolva todos os intervenientes, desde logo o Governo, mas também as autarquias, as escolas, a indústria agro-alimentar, a distribuição alimentar, o consumidor, entre outros. Desde 2012 que Portugal tem o Programa Nacional de Promoção de Alimentação Saudável sob a alçada da Direcção-Geral da Saúde e coordenado pelo Nutricionista Prof. Doutor Pedro Graça, contudo, ainda muito há a fazer.

 

Fonte: 
LPM Comunicação
Nota: 
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