Uma dose da vacina contra HPV é suficiente contra cancro do colo do útero
“Constatámos que os níveis de anticorpos para ambos os tipos de HPV 16 e 18 em mulheres vacinadas com uma dose mantinham-se estáveis quatro anos após a vacinação”", explicou Mahboobeh Safaeian, investigadora do National Cancer Institute (NCI), em Bethesda, e principal autora da pesquisa.
“Estes resultados põem em causa as recomendações actuais de que a vacina contra o HPV requer múltiplas doses para gerar uma resposta imune duradoura", acrescenta a especialista em doenças infecciosas, cuja pesquisa é publicada na revista Cancer Prevention Research.
De acordo com a especialista, “esta descoberta é promissora para a realização de campanhas de vacinação mais simples e baratas e com mais hipóteses de serem desenvolvidas em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento, onde existe uma taxa de 85% de casos de cancro do colo do útero, uma das principais causas de morte”.
Cerca de 20% dos participantes no estudo receberam uma dose de vacina, em vez das três recomendadas, explicam os autores, acrescentando ter posteriormente analisado a resposta imunitária, através da medição dos níveis de anticorpos do vírus em amostras de sangue de 78, 192 e 120 mulheres que receberam, respectivamente, uma, duas e três doses da vacina.
Os resultados foram então comparados com os de 113 mulheres não vacinadas e os investigadores descobriram que todas as mulheres dos três grupos apresentaram anticorpos contra o HPV 16 e 18 no sangue, durante quatro anos.
Os autores também descobriram que os níveis de anticorpos nas mulheres que levaram só uma dose eram inferiores aos das mulheres com duas e três doses, mas que a resposta imunológica era duradoura.
Os investigadores concluíram também que as taxas de anticorpos em mulheres vacinadas com uma ou duas doses eram cinco a 24 vezes maiores do que em mulheres que nunca tinham sido vacinadas, mas que anteriormente tinham sido infectadas com o HPV, que é transmitido por via sexual.