Portugal é o 7.º país da UE que menos gasta com cancro

Cortes podem vir a piorar tratamento do cancro em Portugal

Gastamos 61 euros per capita com o tratamento do cancro. A despesa só é inferior na Bulgária, Malta, Letónia, Roménia, Chipre e Lituânia.

Na União Europeia (UE) a 27, Portugal é o sétimo país que menos gasta com cancro. Os custos com o tratamento de doenças oncológicas ascendiam a 61 euros per capita, um total que nos coloca substancialmente abaixo da média da UE (102 euros), revela um estudo publicado revista Lancet Oncology, que analisou dados de 2009 e ajustou os valores por paridade de poder de compra.

Por ano, a despesa com cancro ascende a 126 mil milhões de euros nos 27 países, mas o que este trabalho evidência é que existem grandes disparidades nos gastos com o tratamento das doenças oncológicas na UE. A Alemanha e o Luxemburgo, com 171 e 141 euros per capita, são os países que mais investem na luta contra o cancro. Neste estudo realizado por uma equipa da Universidade de Oxford e do King"s College de Londres, a Bulgária, Malta, Letónia, Roménia, Chipre e Lituânia estão no fim da tabela.

António Araújo e Jorge Espírito Santo, dois dos oncologistas que em 2009 fizeram um trabalho sobre o custo do tratamento do cancro em Portugal, não se mostraram surpreendidos com estes resultados. “Já nessa altura alertámos a tutela para o facto de estarmos a gastar muito pouco com cancro” lembra António Araújo, que é director do Serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga. “ A tutela nunca nos deu atenção. E, com os cortes que se têm vindo a verificar, a tendência é para um agravamento” prevê.

Hoje vai ser discutido em Lisboa o relatório sobre a Capacidade Instalada em Oncologia e Actividade nas Unidades Hospitalares - que aponta para uma ligeira redução do número de cirurgias oncológicas e para um pequeno aumento da média do tempo de espera em 2012, uma inversão da tendência de diminuição que se verificava desde 2006. “O problema deve ser estudado, não há uma explicação definitiva”, defende o director clínico do IPO de Lisboa, João Oliveira, que admite que uma das questões passa pela “falta de pessoal” António Araújo reconhece que o SNS pode estar com “dificuldades em dar resposta”, mas não põe de lado a hipótese de os doentes terem agora mais dificuldades de acesso, até por não terem dinheiro para os transportes.

Fonte: 
Público Online
Nota: 
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