Respira-se melhor em Lisboa
A qualidade do ar no centro da cidade de Lisboa registou alterações positivas em 2013, no que toca às excedências do valor limite diário e ao número de partículas inaláveis, segundo dados provisórios da Quercus.
“Em 2013 tivemos um menor número de excedências ao valor limite diário da qualidade do ar” entre o Marquês de Pombal e o Terreiro do Paço, o que não acontecia desde 2001, revelou Francisco Ferreira, da Associação Nacional de Conservação da Natureza (Quercus) à RR.
“Em 2005 tínhamos 180 dias em ultrapassagem do valor das partículas inaláveis, e em 2013, apesar de os dados ainda serem provisórios, estamos com 38 dias, muito pouco acima do limite [que é 35]”, acrescentou o coordenador da Quercus na área da energia e das alterações climáticas, referindo que existem “menores emissões e melhor qualidade do ar” naquela zona.
Segundo o também professor da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa, que esteve à frente de um estudo daquela instituição para a autarquia sobre a mesma temática, “a redução de emissões foi de 6% no dióxido de azoto e na ordem dos 16% no caso das partículas”.
Contudo, não é possível saber se esta evolução positiva se deveu às alterações do ordenamento de tráfego na zona do Marquês de Pombal e Avenida da Liberdade ou se está relacionada com a exigência das Zonas de Emissão Reduzida (ZER), que proíbem a circulação de veículos anteriores a 1996 naquela zona, até à baixa pombalina.
Francisco Ferreira alertou para o facto de as pessoas que vivem no centro da cidade terem uma esperança de vida reduzida, devido ao tráfego individual: “Vão ao hospital mais vezes e têm mais problemas respiratórios que o resto” da população.
Para o ambientalista, ainda existem alterações a fazer, nomeadamente no caso dos táxis que, “apesar de representarem apenas 18% do tráfego, constituem 32% da poluição”, visto que não têm de respeitar as ZER, como os restantes veículos.
Outra alteração prende-se com a optimização dos serviços de transportes públicos, no caso das viagens ocasionais, que actualmente têm um “custo muito elevado” e também na interligação entre meios de transportes, quanto a horários e interfaces.
Francisco Ferreira defendeu ainda a penalização do transporte rodoviário individual, por exemplo “através do estacionamento e da fiscalização”.
Contudo, rejeitou a possível introdução de portagens urbanas à entrada da cidade, visto que se trata de um “sistema muito caro”. Em vez disso, sugeriu que parte das receitas das actuais portagens reverta em prol dos transportes públicos.