Estudo de Sobrevivência de Cancro Oral da População do Norte de Portugal

Cancro oral mata mais de metade das suas vítimas

Estudo mostra que o cancro oral tem vindo a aumentar e confirma que 80% dos casos estão relacionados com o consumo de tabaco e de bebidas alcoólicas.

Mais de metade dos doentes com cancro oral (58%) não sobrevive ao fim de cinco anos. Esta é a principal conclusão do Estudo de Sobrevivência de Cancro Oral da População do Norte de Portugal, realizado por Luís Monteiro, médico dentista e professor da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU), em colaboração com o IPO do Porto. Esta conclusão justifica-se, em parte, por outra: mais de 70% dos casos diagnosticados encontravam-se já em estádios muito avançados.

A principal causa da elevada taxa de mortalidade é o diagnóstico tardio dos tumores, que afectam a cavidade oral, dos lábios à garganta, incluindo as amígdalas e faringe e são causados principalmente pelo consumo de tabaco e de bebidas alcoólicas. Luís Monteiro explicou ao Público Online que o estádio do cancro aquando do diagnóstico influencia a probabilidade de sobrevivência do doente. De acordo com a investigação que levou a cabo entre 2005 e 2006, no Norte de Portugal, “a sobrevivência ao fim de cinco anos de doentes em estádios iniciais (ou seja, com lesões pequenas) é de 85%”. Por outro lado, “a sobrevivência ao fim de cinco anos de doentes em estádios avançados é de apenas 20%”.

Os sintomas são principalmente feridas que não cicatrizam, nódulos que não desaparecem e dores inexplicadas e constantes, explica o autor do estudo divulgado esta sexta-feira. Contudo, “mais vale prevenir do que remediar”: 80% dos novos casos estão relacionados com comportamentos de risco, como a ingerência de fumo de tabaco e de bebidas alcoólicas, pelo que a prevenção passa, numa primeira fase, por um estilo de vida saudável.

Luís Monteiro participou já numa investigação anterior, que decorreu entre 1998 e 2007 e que concluiu que Portugal é dos países na Europa com maior aumento do número de casos deste cancro, a estimativa é de aproximadamente 1500 novos casos por ano.

Essa investigação concluiu também que, na última década, foram detectados em Portugal 9623 casos de cancro oral, 7565 em homens e 2058 em mulheres, tendo a doença aumentado a um ritmo de 4% ao ano nas mulheres. Este crescimento revelou-se sobretudo em zonas da boca relacionadas com o vírus do papiloma humano (HPV), o que reflecte a mudança de hábitos sexuais entre os portugueses.

O investigador justifica a maior incidência sobre homens, comparativamente às mulheres: “à partida, historicamente, os homens têm hábitos mais pesados de consumo de tabaco e bebidas alcoólicas”. A investigação revela também que os tumores orais afectam principalmente indivíduos com mais de 40 anos, sendo que a média de idades é de 62 anos. Luís Monteiro lamenta, no entanto, que haja cada vez mais vítimas jovens, não só em Portugal, mas também noutros países da Europa.

Luís Monteiro considera fundamental, portanto, “consciencializar a população e promover rastreios”. Actualmente, já há várias iniciativas a decorrer, como o rastreio promovido pela Ordem dos Médicos Dentistas, que se insere no Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral.

 

Fonte: 
Público Online
Nota: 
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