Ex-ministros e actuais gestores hospitalares unem-se
“Discutir a saúde em espaço aberto” neste “momento complicado” que o sector atravessa é o objectivo dos mais de cem fundadores da Associação de Dirigentes Nacionais da Saúde (ADNS), quinta-feira constituída em Matosinhos. Da associação fazem parte os ex-ministros da Saúde do PSD Arlindo de Carvalho e Luís Filipe Pereira, além do actual presidente da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e os administradores de alguns dos maiores centros hospitalares do país.
“Achamos necessário que houvesse uma associação das pessoas que dirigiram e dirigem a saúde em Portugal, pública, privada e do sector social, com uma abrangência grande”, justifica Fernando Sollari Allegro, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Porto e um dos membros da comissão organizadora da nova associação. Será, acrescentou, “uma área de reflexão, de discussão de problemas concretos e teóricos para apresentar propostas de melhoria”.
Além da realização de congressos e conferências, os estatutos da associação prevêem a promoção de cursos “sobre o desempenho da função de gestor/dirigente”. Segundo os estatutos, a associação pretende ainda assumir-se como “interlocutor do Ministério da Saúde” na “promoção do aperfeiçoamento do sistema de financiamento e gestão do sector”.
Em Portugal existem outras associações que representam os profissionais do sector, mas Sollari Allegro considera que havia um “vazio” que era necessário preencher, dado que a Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH) apenas integra os profissionais com esta carreira na administração pública que completaram curso da Escola Nacional de Saúde Pública.
A ADNS inclui alguns dos principais intervenientes na liderança e direcção de organizações de saúde em Portugal – como os administradores do Centro Hospitalar de S. João, António Ferreira, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, José Martins Nunes, o ex-presidente da Administração Regional de Saúde do Norte, Fernando Araújo. Entre os fundadores figuram ainda Luís Portela, da Bial, o presidente da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) o director da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Agostinho Marques.
“Pode ser um sinal de dinamismo do sector e de vontade de intervenção cívica”, saúda Marta Temido, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares. “Mas as duas associações têm objectivos diferentes”, destaca. “É mais independente a voz de uma associação profissional do que a de uma associação que representa pessoas que são dirigentes por nomeação governamental”, defende.