Centro do Bebé

Saiba tudo sobre a melhor forma de engravidar

No Centro do Bebé, em Lisboa, os casais aprendem que há muito a fazer antes de recorreram a tratamentos para engravidar.

Não há nada que um pai bem-intencionado faça que seja considerado um erro. Constança Ferreira abriu o Centro do Bebé, em Lisboa, com esta premissa, disponibilizando-se a ajudar os pais a perceber melhor as necessidades do bebé, sem estarem constantemente num processo de tentativa e erro. Em dois meses, as actividades são já para todos os gostos, que é como quem diz, para todas as fases da maternidade. Com alguns workshops a decorrer sobre o período de gravidez e pós-parto, Constança sentiu necessidade de preparar os casais na fase anterior à gravidez, tendo em conta os frequentes problemas de fertilidade apresentados pelos casais. Assim, aos workshops de preparação para o nascimento, yoga pré-natal, apoio à amamentação ou ginástica pós-parto, junta-se agora o curso de apoio à fertilidade, com início a 16 de Maio.

O programa é pioneiro no país e foi planeado para ajudar a potenciar naturalmente a fertilidade do casal. Antonella Vignati é a naturopata que vai seguir os casais nesse processo, mas ressalva que não tem “a varinha mágica da gravidez”. “Já acompanhei pessoas que, mesmo aliando a medicina convencional com tratamentos alternativos, não conseguiram engravidar. Mas a verdade é que há muita coisa que o casal pode mudar que vão potenciar a gravidez mais rapidamente”, explicou.

Começando por dar casos práticos do dia-a-dia, Antonella recorre ao exemplo dos telemóveis, objecto que nunca deveria andar colado à cara, nem nos bolsos, em contacto com a zona pélvica: “Até o corpo dar algum sinal de toxicidade é preciso estar já num grau muito avançado de contaminação e, por isso, é um assunto ignorado.” O que boa parte dos futuros pais desconhece é que estão “constantemente” ameaçados por radiações e produtos tóxicos, que podem vir tanto de aparelhos electrónicos, como de detergentes, cosméticos, e tudo isso afecta o aparelho reprodutor”, avisa a naturopata.

Com formação em áreas como a amamentação, acupunctura ginecológica ou nutrição, Antonella quer não só preparar os casais para uma gravidez sem sobressaltos, mas também levá-los a adoptar um estilo de vida mais saudável: “As pessoas perderam o poder sobre a sua saúde, entregam tudo nas mãos dos médicos, quando há muito que podem fazer de forma natural.” A alimentação é um desses exemplos. Segundo a especialista, a população em geral ingere demasiada proteína animal. “Como é que querem que as hormonas da mulher funcionem, se todos os dias comem animais que crescem à base de hormonas?”, questiona, acrescentando que “o corpo humano não funciona por gavetas e, por isso, mesmo que indirectamente, tudo o que fazemos pode afectar o sistema reprodutor”.

Um dos maiores problemas com que Antonella se depara no contacto com as pacientes prende-se com a falta de conhecimento das mulheres sobre o seu corpo: “A toma da pílula começa quase em criança, o que leva à criação de ideias estereotipadas sobre o ciclo menstrual, sem saberem se ovulam, quando ovulam, quando é o período fértil, tudo informações essenciais para quem quer engravidar.” Além de dar a conhecer às mulheres formas de lerem os sinais dos seus corpos, Antonella aconselha também os casais quanto à prática de relações sexuais. “Prefiro que não haja imposição de dias mais activos, mas a incidência deve ser feita nos dias férteis da mulher, principalmente nos casos em que o homem tem uma baixa contagem de espermatozóides”, explicou.

Com quase 500 mil casais em Portugal com problemas de fertilidade (fala-se de infertilidade quando um casal tem relações desprotegidas durante mais de um ano sem engravidar), a medicina alternativa tem sido cada vez mais uma opção. “Falar de naturopatia a um médico é o mesmo que falar de astrologia”, ironiza a especialista, mas garante que a tendência tem vindo a mudar. “Tenho cada vez mais médicos a encaminharem-me casais, de modo a complementar os tratamentos convencionais com métodos naturais.” O curso será dividido em seis sessões teóricas. “Quanto à prática, esperamos que seja feita em casa”, brinca a especialista.

Os 4 temas do curso

Alimentação: mais vegetais
As deficiências nutricionais podem afectar a qualidade dos espermatozóides e o ciclo menstrual. Segundo o estudo “Harvard Nurses Health Study”, as mulheres com menos problemas de ovulação são as que seguem uma dieta com baixo índice glicémico, pobre em proteínas animais e rica em proteínas vegetais, gorduras monoinsaturadas e hidratos de carbono complexos. Além de uma reeducação alimentar, poderá ser necessário usar o ácido fólico como suplemento para as mulheres. Aos homens, o melhor é zinco e a vitamina C.

Evitar os tóxicos
A toxicidade ambiental e a exposição profissional a determinados contaminantes tem sido associada a infertilidade, perda gestacional e outros problemas a nível fetal. Os tóxicos mais nocivos incluem metais pesados, pesticidas, estrogénios, compostos orgânicos voláteis e radiação. Apesar de alguns deles escaparem ao controlo no dia-a-dia, outros podem ser evitados. É o caso do álcool e tabaco, aparelhos electrónicos, alguns cosméticos e produtos de limpeza. O curso pretende educar os casais para uma maior consciência destes factores

Gerir o stresse
Segundo Antonella Vignati, vivemos num estado de alerta constante e em stresse prolongado, situações que trazem consequências graves para a saúde. Além disso, está provado que existe uma relação directa entre a fertilidade e o stresse. Os casais que se deparam com problemas de fertilidade estão submetidos níveis de stresse adicionais, chegando a precisar de apoio psicológico. Há estratégias de gestão do stresse que visam o bem-estar psicofísico, como yoga, meditação, automassagem e acupressão.

Conhecer o ciclo menstrual
O ciclo menstrual é frequentemente anulado, durante anos, pelo uso generalizado dos contraceptivos orais. Muitas vezes, uma mulher adulta pode ter tido muito poucos períodos menstruais até o momento de tentar engravidar. O curso visa, por um lado, instruir sobre as fases do ciclo menstrual, apoiando a aplicação do método sinto-térmico com as tabelas da temperatura basal e a observação do muco cervical; e por outro lado, promover o encontro psicologicamente saudável da mulher com a feminilidade. 

Fonte: 
iOnline
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Foto: 
ShutterStock