Grupo de peritos de segurança informática na saúde
O docente do Departamento de Informática da Universidade da Beira Interior (UBI), Simão Sousa, vai fazer parte de grupos internacionais que estão a desenhar regras de funcionamento mundial nas áreas da “e-health” e telemedicina. O investigador integrará equipas de peritos da Organização Internacional de Normalização (ISO, do inglês International Organization for Standardization) e da Comissão Electrotécnica Internacional (IEC – Internacional Electrotechnical Commission).
O convite surgiu através do Instituto Português da Qualidade (IPQ), na sequência do trabalho que Simão Sousa tem realizado no âmbito do centro de investigação da UBI (rel)ease – RELiablE And SEcure Computation Group. Daí que o docente da UBI vá participar na componente de segurança e privacidade, aplicada aos modelos de prestação de saúde à distância, através da Internet. “Uma actividade muito importante para perceber como vão ser normalizados esses sistemas”, explica Simão Sousa.
Exactidão dos dados preocupa
Na mira dos grupos de especialistas estão questões como a exactidão e segurança dos dados transmitidos à distância. À medida que aumenta, em termos mundiais, o recurso a meios suportados pela rede digital, “é preciso perceber o contexto legal destas práticas”, refere o docente, avançando com um caso concreto: “Imaginemos um autocarro com aparelhos de medição que anda pelos países de África para levar a esses locais cuidados de saúde feitos por pessoas que estão nos EUA. Passa por essas zonas, faz lá os exames e em tempo real ou em diferido são analisados por um especialista que prescreve um tratamento”.
Numa actividade como esta são precisas regras apertadas. Nomeadamente saber quais as normas que uma empresa tem de respeitar para que o seu serviço possa ir para o mercado, sem pôr em risco a segurança e a saúde dos utentes.
Evitar falhas
“A informação está a passar por todo o lado. Não poderá ser alterada e resultar num erro de diagnóstico?”, questiona. “Há uma preocupação de saber como é que estas coisas decorrem. Se não houver regulação e acontecer um problema, quem é o responsável? O médico? O autocarro? O serviço de internet que não assegurou que os dados passassem com qualidade ou algum governo mal-intencionado que teve acesso a informação privilegiada e a usa indevidamente?”, salienta, acrescentando que tecnologicamente “é possível fazer muita coisa, mas não há um contexto regulamentar. “Isto tem que ser feito por entidades que têm que ser objectivas e isentas”, como a ISO e IEC, explica Simão Sousa.
Esta não é a primeira vez que o elemento da UBI colabora com instituições deste género. Há cerca de quatro anos participou numa reunião devido a um trabalho de investigação que tinha sido feito “e que teve um impacto bastante grande nesses grupos”, recorda.
“O convite é o reflexo do trabalho que está a ser feito na UBI”, entende Simão Sousa, que vê esta participação internacional como “uma honra” e algo “muito relevante para a Universidade da Beira Interior”.