Prevenção do tromboembolismo nos doentes com cancro deve ser melhorada
Estes são dois dos resultados de um inquérito feito a profissionais de Saúde da área de Oncologia, de norte a sul do país, pelo Grupo de Estudos do Cancro e Trombose.
Formado por profissionais de Oncologia de várias instituições do país, o grupo, criado recentemente, foi apresentado hoje [28 de Março] em Évora, na 10.ª edição dos Encontros da Primavera de Oncologia.
O inquérito também apresentado hoje serviu para analisar a percepção dos profissionais de Saúde face ao tromboembolismo, explicou à agência Lusa Sérgio Barroso, director do Serviço de Oncologia do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE).
Segundo o especialista, membro do grupo de estudos, foram obtidas “mais de 100 respostas”, o que constitui “uma amostragem muito importante relativamente às várias instituições e formas de lidar com esta situação”.
“Este tema do tromboembolismo venoso é muito importante porque é a segunda causa de mortalidade no doente oncológico, a seguir ao próprio tumor”, realçou.
Esta doença, disse, consiste na “formação de um coágulo sanguíneo ao nível do sistema circulatório, particularmente do sistema venoso, que faz com que a circulação fique alterada”.
“Se os coágulos vão para o coração, pulmão ou cérebro, podem conduzir a situações muito graves, como a morte, porque a circulação fica obstruída”, continuou, alertando que o risco é maior nos doentes oncológicos, em comparação com outros doentes.
O inquérito - resumiu Sérgio Barroso - apurou que os profissionais de Saúde estão informados sobre esta situação, mas “existem áreas” em que “é preciso melhorar e definir uma estratégia para uma actuação diferente”. Como exemplo, indicou, “é muito importante” que se consiga “ter um registo mais adequado a nível nacional deste tipo de problema”, sendo esta uma área com “espaço para uma melhoria importante”.
Outra das conclusões é a de que, apesar de os profissionais de Oncologia estarem sensibilizados para o tromboembolismo, é preciso apostar mais na prevenção, não só no tratamento.
“Muitas vezes, o que acontece é que os profissionais atuam quando a situação aparece, mas há claramente uma dificuldade ainda na antecipação, na prevenção desse evento”, apontou.
Por isso, defendeu, há que definir uma estratégia logo de início, sistemática, com o doente oncológico: “A melhor forma de evitar as consequências do tromboembolismo é tentar preveni-lo”.
O Grupo de Estudos do Cancro e Trombose vai centrar atenções na produção de conhecimento científico sobre este problema, na formação dos profissionais e na informação e sensibilização do público, em particular dos doentes e suas famílias.
A 10.ª edição dos Encontros da Primavera de Oncologia, um evento organizado pelo Serviço de Oncologia do HESE, arrancou na quinta-feira e prolonga-se até sábado.