Stress

Estratégias de Coping

Atualizado: 
26/03/2014 - 09:33
A vida quotidiana é indutora de stress, impondo a cada um a adoção de estratégicas que facilitem a adaptação aos novos contextos de exigência. As estratégias de coping são mecanismos cognitivos e comportamentais para fazer face a estas situações. Neste artigo explicam-se as várias formas de abordagem às situações-problema e as oito estratégias de coping mais consensuais.

As atuais exigências que caraterizam a dinâmica vivencial de cada pessoa, nos mais diversos planos, biológico, económico, social, profissional, etc., constituem-se, frequentemente, como fatores geradores de níveis desconfortáveis de stress, os quais conduzem à adoção de estratégias de coping, enquanto facilitadoras do alcance de um estado de adaptação perante novas imposições.

As estratégias de coping são mecanismos cognitivos e comportamentais, utilizados pelas pessoas para fazer face a situações, internas e/ou externas, que são percebidas como excedendo a capacidade de utilização dos recursos pessoais disponíveis e aprendidos ao longo da vida.

A seleção de estratégias de coping resulta da avaliação da situação problemática, sendo que, a perceção do acontecimento stressor varia de pessoa para pessoa, produzindo diferentes tipos de respostas interligadas, a nível biológico, cognitivo, comportamental e emocional, cuja sua intensidade e duração estão relacionadas com a frequência e temporização da exposição ao estímulo stressante.

A avaliação cognitiva de uma situação indutora de stress depende do nível de significação atribuído, das estratégias de coping para lidar com o stress, dos recursos pessoais e sociais que a pessoa detém, assim como das caraterísticas da sua personalidade. A avaliação primária coincide com a atribuição de uma significação ao evento, podendo ser conotado como irrelevante, benéfico ou stressante e, neste caso, percecionado como um desafio, uma ameaça ou um prejuízo. Numa avaliação secundária prospetiva-se a existência de mecanismos de coping capazes de ultrapassar ou modificar a situação, tendo presente a relação esforço/benefício.

Estratégias determinadas pelos resultados da avaliação
O resultado da avaliação determina a escolha das estratégias, predominando as focalizadas no problema se a situação é avaliada como passível de ser modificada, ou pelo contrário, prevalecendo as centradas na emoção quando a situação é entendida como inalterável. Esta separação não é linear, elas podem coexistir em diferentes fases do problema e a mesma estratégia pode assumir diferentes funções no decurso do processo.

Independentemente do mecanismo de ação, pode atribuir-se aos mecanismos de coping uma função protetora, no sentido de lidar com o stress e suas manifestações afetivas, como a ansiedade, o desespero o medo, etc., quando nos deparamos com eventos cuja sua exigência vai muito para além dos recursos disponíveis. Esta proteção pode ser materializada por mecanismos diversos e distintos, nomeadamente pela eliminação ou modificação das situações que criam o problema, pelo controlo percetivo do significado da experiência e suas consequências, ou pela manutenção das consequências emocionais dentro de limites aceitáveis.

Neste sentido, podem distinguir-se estratégias focalizadas no problema, centradas no controlo percetivo da situação e suas consequências, que visam a modificação da situação - problema através da alteração da relação pessoa/ambiente, e estratégias centradas nas emoções, dispondo-se a modular e regular somaticamente as emoções. Ambas as estratégias, se usadas em simultâneo, podem influenciar-se mutuamente em termos de resultados, pois a diminuição da tensão emocional terá um efeito positivo sobre a capacidade cognitiva de agir sobre o problema e, do mesmo modo, a tentativa de modificação da situação-problema irá influenciar a expressão das emoções.

As oito estratégias de utilização universal
Existem inúmeras estratégias de coping, porém é, mais ou menos, consensual a utilização universal de oito estratégias, designadamente, o confronto, a resolução planeada do problema, a aceitação/assumir das responsabilidades, o autocontrolo, a procura de suporte social, a reavaliação positiva, o distanciamento e a fuga/evitamento do problema. As primeiras cinco estratégias estarão mais focalizadas na modificação/resolução da situação problema e as três últimas desempenharão um papel mais incisivo na regulação/modulação da expressão das emoções. Como referido anteriormente, esta divisão não é linear, pois, por exemplo, o suporte social pode estar focado no problema quando se procura, numa pessoa amiga ou familiar, ajuda ou mesmo a resolução para o problema, mas por outro lado, pode estar centrado nas emoções se o objetivo for, apenas, desabafar e exprimir os sentimentos.

Nota: O texto está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico

Bibliografia

- RIBEIRO, P; SANTOS, C – Estudo conservador de adaptação do Ways Coping Questionnaire a uma amostra e contexto portugueses. Análise Psicológica, 4, 2001, p. 491-502.

- SERRA, A – Um estudo sobre coping: O Inventário de Resolução de Problemas. Psiquiatria Clínica, 9, 1987, p. 301-316.

Autor: 
Paulo Rosa - Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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