Quatro em cada cinco utilizadores não pagam taxa moderadora
São cerca de sete milhões os cidadãos que utilizam o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e actualmente há 5,5 milhões isentos de taxas, explicou o ministro da Saúde, no Porto, durante um almoço-debate em que traçou um quadro positivo da evolução deste sector que “se tem mostrado resiliente”, apesar da crise económico-financeira.
“Não há disparate maior do que dizer que na Saúde houve cortes cegos”, sustentou Paulo Macedo, contestando as críticas que lhe têm sido feitas, durante a sua intervenção sobre ‘O Futuro do Sistema de Saúde Português’, uma iniciativa organizada pelo International Club of Portugal e patrocinada pela consultora Delloite.
Lembrando que “cortar na despesa pública não é necessariamente mau”, deu o exemplo das “rendas excessivas”, nomeadamente no sector do medicamento, que têm vindo a diminuir de forma acentuada. Em resultado disso, notou, actualmente “o preço da saúde está mais baixo para as pessoas com menos recursos”.
Paulo Macedo voltou a afirmar que acredita no futuro do SNS, desde que se continue a fazer “reformas ambiciosas”. Citou, a propósito, o responsável pelo Serviço Nacional de Saúde inglês (NHS), David Nicholson, que recentemente afirmou que o NHS é “insustentável” e que “só passará a ser sustentável” se forem feitas reformas, incluindo “concentração de serviços”.
Ministro critica rendas e margens excessivas na saúde
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, criticou, esta quarta-feira, a existência de “rendas e margens excessivas” praticadas por algumas empresas do sector, defendendo a necessidade de haver “dados mais transparentes”, a par da rendibilidade da indústria.
Paulo Macedo falou das rendas existentes no sector da saúde, lamentando que estas não tivessem o mesmo destaque e visibilidade que têm a de outras áreas, como por exemplo as da energia. O ministro da Saúde disse que o Governo tem divulgado “rendas, preços e margens que são de facto excessivas nesta área”.
“Temos produtos farmacêuticos com margens de determinadas moléculas, de determinados medicamentos que têm variações como quando passam de medicamento de marca a genérico de 6000%, temos margens de 500%, temos reduções de 50% no preço. Isto não é normal”, defendeu, falando de “total opacidade”.
Paulo Macedo sublinhou que, em áreas como a electricidade, a banca ou as seguradoras, é possível fazer comparações, realçando que, na saúde, é preciso ainda “fazer muita coisa” para se ter “dados mais transparentes”.
“Obviamente a indústria tem de ser rentável, porque tem de continuar a poder investigar e a ter investigação mas que sejam valores que os cidadãos possam suportar”, ressalvou.
Para o governante, “há possibilidades em diversas áreas de ter margens mais adequadas àquilo que são as possibilidades dos portugueses”, defendendo “o acesso à saúde, em condições razoáveis, com margens razoáveis”.