Actividade gripal retoma período basal
Na passada semana (9.ª) verificou-se uma diminuição do número de casos de gripe confirmados laboratorialmente, com tendência decrescente, que foi interpretada como o regresso ao período de actividade basal.
Este ano, em comparação com a época anterior (2012-2013), o início da fase mais intensa de gripe sazonal parece ter sido mais abrupto, embora, durante a época de 2013-2014, a actividade gripal nunca tenha sido considerada mais do que “moderada”.
A fase de maior incidência teve, seguramente, um pico mais precoce em cerca de seis semanas, em comparação com 2013, e esse pico foi um pouco mais elevado, com uma incidência em torno dos 90 por 100.000 na 4.ª semana de 2014, contra o máximo de 69,6 por 100.000, na semana 10 de 2013. Os dados provisórios indicam que a duração total da época gripal também parece ter sido mais curta em duas a três semanas, face a período homólogo do ano anterior.
O número de internamentos em cuidados intensivos foi, até agora, ligeiramente inferior ao de 2013. Desde o início da época, em Outubro de 2013, até ao fim da 9ª semana de 2014, foram reportados 97 casos de gripe nos doentes admitidos nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) de vários hospitais, contra 121 casos na época de 2012-2013. Na época em curso, verificou-se, ainda, que apenas 1,5% dos doentes internados em UCI tinham sido vacinados contra a gripe e cerca de 71% apresentavam doença crónica subjacente.
Assim, verifica-se que pelo segundo ano consecutivo, desde que a vacinação anti-gripal é distribuída, gratuitamente, nos centros de saúde, a idosos e a outras pessoas com risco mais significativo, não houve pico invernal na mortalidade esperada.
O vírus da gripe do subtipo A(H1)pdm09 foi o detectado na maioria dos casos analisados. Os vírus da gripe detectados são semelhantes às estirpes que integram a vacina antigripal 2013/2014.
Este ano a impossibilidade de contar com um dos fabricantes habituais da vacina a nível mundial afectou o processo de vacinação em Portugal. Apesar disso, os dados já disponíveis apontam para que 62% das pessoas maiores de 65 anos foram vacinadas (refira-se que o ano passado atingiu-se uma cobertura de 51%), o que corresponde a mais de 1.200.000 pessoas neste grupo, a que devemos adicionar mais 200.000 pessoas com mais de 60 anos. Nunca se registou, em Portugal, uma cobertura desta dimensão contra a gripe sazonal, o que se reflectiu nos resultados epidemiológicos e clínicos reportados, globalmente mais favoráveis nesta época.
Face a estes resultados positivos, o Ministério da Saúde vai prosseguir com a estratégia de distribuição gratuita de vacina através da rede pública de centros de saúde, modelo que demonstrou grande eficácia.