Alimentação do idoso
O processo de envelhecimento natural, mesmo na ausência de doença, implica alterações ao nível:
- da constituição corporal (do peso, da massa celular corporal, atrofia muscular, alteração da coordenação muscular, aumento da probabilidade de fracturas);
- da regulação energética e metabolismo dos micronutrientes (sais minerais e vitaminas);
- da diminuição das defesas do organismo (com o aumento da probabilidade de sofrer de doenças infecciosas);
- de outras alterações como: paladar e olfacto, do aumento do risco de desidratação, de alterações das funções neurológica e cognitiva.
Pelas razões mencionadas e também devido a outros factores, nomeadamente, factores de índole socioeconómica, as pessoas idosas por vezes alimentam-se erradamente. Quando estão presentes dificuldades económicas, estas têm como consequência a diminuição do poder de compra, logo da possibilidade de aquisição de alimentos nutritivos, em qualidade e quantidade, diminuindo assim a variedade dos alimentos consumidos. A variedade alimentar é garantida com o consumo diário de alimentos dos 7 grupos da Roda dos Alimentos:
- Cereais e derivados, tubérculos – 28%
- Hortícolas – 23%
- Fruta – 20%
- Lacticínios – 18%
- Carnes, pescado e ovos – 5%
- Leguminosas – 4%
- Gorduras e óleos – 2%
Outro factor que influencia os hábitos alimentares relaciona-se com o sentimento de solidão que pode conduzir a estados depressivos e ao desinteresse pela confecção das refeições.
As doenças associadas e respectiva medicação podem limitar a escolha alimentar e também condicionam por vezes alterações dos orgãos dos sentidos, nomeadamente do paladar e olfacto.
A falta de dentes ou o uso de próteses dentárias mal adaptadas dificulta a mastigação. A diminuição da quantidade de saliva produzida também afecta a deglutição.
Os problemas de coordenação motora dificultam a manipulação dos utensílios necessários à confecção dos alimentos.
As alterações na motilidade do aparelho digestivo também podem condicionar o aparecimento de problemas digestivos e de obstipação (prisão de ventre).
As pessoas idosas constituem um grupo bastante heterogéneo, a sua capacidade de tomada de decisão individual tem um papel crucial quando está em causa a aceitação de mudanças não só ao nível dos hábitos alimentares como em relação ao estilo de vida.
Torna-se necessário o seu envolvimento sendo que a sua participação activa é essencial.
Recomendações
Uma alimentação saudável contribui para uma maior qualidade de vida, ajudando as pessoas idosas a manter a sua independência e aumenta a capacidade para cuidar das tarefas básicas diárias.
Existem critérios, em termos de recomendações alimentares concretas, que são comuns a todos os grupos etários, como tal úteis também para as pessoas idosas:
- Fazer uma alimentação variada e evitar comer demais;
- Começar as refeições com entradas (sopa ou pratos com vegetais);
- Consumir líquidos em abundância, sendo a água a melhor bebida;
- Moderar o consumo de doces, gorduras saturadas e bebidas alcoólicas;
- Consumir alimentos ricos em fibras (frutas, legumes, verduras…);
- Comer regularmente (5 a 7 pequenas refeições), alimentar-se com calma, mastigando bem os alimentos e não saltar refeições;
- Ir ao dentista regularmente para prevenir problemas de mastigação ou desadaptação das próteses;
- Controlar o peso de forma a manter um estado nutricional equilibrado;
- Manter uma vida activa, com níveis moderados de actividade física diariamente;
- Aumente os seus conhecimentos sobre alimentação pois estes ajudam a manter-se saudável;
- Não fazer qualquer tipo de dieta sem consultar o seu médico/nutricionista;
- Desfrute da vida e de uma alimentação equilibrada, viva uma vida plena e saudável.
Recomendações especialmente importantes para as pessoas idosas:
- Embora necessite de menos calorias do que quando era jovem, necessita sempre dos mesmos nutrientes, em igual quantidade, excepto no caso do cálcio e vitamina D cujas necessidades aumentam com a idade,
- Inclua na sua alimentação alimentos dos 7 grupos da Roda dos Alimentos, nas seguintes quantidades aproximadas:
1. Cereais e derivados, tubérculos – 28%;
2. Hortícolas – 23% (400 gr. /dia);
3. Fruta – 20% (2 a 3 peças/dia);
4. Lacticínios – 18% ( 750 ml = 3 chávenas médias por dia);
5. Carnes, pescado e ovos – 5%:
- Carne: prefira as carnes brancas (frango, peru, coelho, porco);
- Peixe: prefira o peixe à carne que deve consumir pelo menos 3 x por semana;
- Ovos: 2 a 3 por semana;
6. Leguminosas – 4% (fonte de proteína que pode substituir a carne quando combinadas com arroz, batata, milho…);
7. Gorduras e óleos – 2% (evite as gorduras saturadas, prefira o azeite);
8. Água: pelo menos 1,5 l/dia (ou chás de ervas);
- Tomar sempre o pequeno-almoço, evitar estar longos períodos em jejum;
- O pequeno-almoço deve constituir uma refeição equilibrada: inclua sempre leite ou equivalente (1 chávena de leite equivale a 2 iogurtes naturais, 2 fatias de queijo, 100 gr. de requeijão), pão ou cereais e fruta;
- Uma porção de qualquer alimento, em volume, equivale a um baralho de cartas ou ao tamanho da palma da sua mão;
- Não fazer intervalos entre as refeições superiores a 3 horas;
- Não se esqueça que a sopa é uma excelente forma de consumir produtos hortícolas (hortaliças e legumes);
- Reduza o consumo de sal (substituindo-o por ervas aromáticas, especiarias, alho, louro, limão…) e evite alimentos ricos em sal (caldos instantâneos ou “cubos de carne”);
- Limite o consumo de açúcar refinado (o que faz parte dos bolos, sumos, doces…).