Homens portugueses apenas desabafam sobre os seus problemas quando chegam a um ponto de rutura

E a análise explica porquê: os homens ainda têm tendência para resolver os seus problemas sozinhos e sentem-se socialmente pressionados a mostrarem-se fortes. Em consequência, muitos deles apenas se manifestam ou procuram ajuda quando já estão num ponto de ruptura.
“No que respeita às suas fragilidades, os homens são muito mais reservados do que as mulheres. Nós somos capazes de aproveitar um jantar para nos queixarmos dos maridos, dos filhos, do trabalho, abrimo-nos a temas privados. Os homens não. Falam de desporto, política, das notícias, mas é raro falarem de intimidades. Só quando já se encontram numa situação mais extrema é que procuram um amigo para desafabar”, comenta Madalena Lupi, Técnica Qualitativa da Netsonda.
Quase um terço dos homens (31%) procura os amigos para expor os seus problemas, mas é no parceiro/a que a maioria (51%) encontra o principal suporte. Por outro lado, nem 10% recorre a um profissional de saúde e um em cada quatro diz que não fala com ninguém quando se sente emocionalmente em baixo.
Analisando os principais stress triggers que preocupam os homens, o estudo evidencia o sucesso profissional/financeiro e a comparação com os pares, sendo que o receio de falhar, seja no contexto de trabalho ou na vida pessoal, é o que mais contribui para a perda de autoestima nos homens.
Madalena Lupi interpreta estas conclusões: “Por um lado, ainda é difícil para um homem lidar com o facto de não ser a principal fonte de rendimento da sua família. No caso das gerações mais novas, nota-se ainda alguma ansiedade por não terem independência financeira para saírem de casa dos pais. Por outro, notamos que os homens sofrem com a comparação com outros homens, nomeadamente ao nível da carreira, ganhos financeiros e aparência física”.
Fazer desporto é essencial para o bem-estar emocional dos homens
Para contrariar estes fatores e reforçar a sua confiança, o sexo masculino pratica exercício físico (42%), adota uma atitude pragmática para encontrar soluções para os seus desafios (30%) e cuida da sua aparência (28%). Para 94% dos inquiridos, o desporto desempenha um papel central e muito positivo no seu bem-estar emocional. Daqueles que praticam atividade física, quase dois em cada três fazem-no com bastante frequência - 2/3 vezes por semana.
“Os homens usam a prática desportiva para se sentirem saudáveis, mas mais como escape mental e uma forma de socialização com os seus pares, do que propriamente para melhorar a sua condição física”, reforça a responsável.
No que respeita ao cuidado com a aparência, o mesmo estudo conclui que os homens dão hoje mais importância à sua imagem do que antes, estando muito mais empenhados no autocuidado. Em concreto, cerca de 80% dos inquiridos afirmam que cuidar da sua aparência aumenta a autoestima e contribui para melhorar o seu bem-estar emocional. Hoje em dia, só 15% dos homens considera negativo cuidar bastante do seu físico.
Um dado que vem comprovar esta evolução de mentalidades é também o aumento do uso de produtos de higiene e beleza pessoal nos últimos cinco anos. Quase metade dos homens (48%) investe mais neste tipo de produtos do que antes, principalmente entre os 25 e 34 anos (68%). O shampoo, desodorizante, gel de banho e perfume são essenciais na rotina de cuidado masculina, mas não só: 52% já usa creme de rosto e 40% loção de corpo ou produtos específicos para a barba.
Homens ainda acham que mulheres cuidam melhor dos filhos
Embora se verifique uma evolução na mentalidade do sexo masculino em relação a alguns estereótipos, o estudo revela que há ainda um em cada quatro inquiridos que acredita que os homens não são tão capazes de cuidarem dos filhos como as mulheres ou que não devem mostrar sinais de fraqueza em público.
Sobre a pertinência deste estudo, Bernardo Carvalho, Marketing Lead e Media Manager Unilever-FIMA, comenta: “Dove já soma um legado de 20 anos em prol da beleza real, mundialmente reconhecida pelo seu compromisso de dar às mulheres mais confiança e autoestima. Chegou o momento de também incluirmos os homens no nosso propósito. Este estudo é uma iniciativa da marca em Portugal, um primeiro passo para um longo caminho que ainda existe de quebra de preconceitos no que respeita ao autocuidado masculino”.
E acrescenta: “Esperamos que este estudo seja uma porta aberta para muitos homens iniciarem o diálogo sobre as suas emoções e fragilidades. Acima de tudo, queremos dar a todos os homens portugueses mais coragem para cuidar, em primeiro lugar de si, por dentro e por fora, pois homens mais confiantes cuidarão melhor dos outros à sua volta”.