Estudo

Fadiga e sonolência são responsáveis por 30% dos acidentes rodoviários

A Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) divulgou os resultados do estudo “Fadiga, Sonolência e Distúrbios do sono - Que impacto na Segurança Rodoviária? - Uma análise da Realidade Portuguesa.”, realizado em dezembro de 2024 junto de 1002 condutores em Portugal, e que revela uma realidade preocupante que carece de sensibilização para os perigos reais mas subvalorizados, medidas de mitigação e tratamento adequado dos distúrbios do sono.

O estudo analisou os hábitos de condução e revelou que 58% dos condutores conduziram pelo menos uma vez no ano anterior quando estavam demasiado cansados e que 33% conduziram tão sonolentos que tinham dificuldades em manter os olhos abertos. O estudo destaca ainda que 9,4% dos condutores adormeceram ao volante enquanto conduziam.

Os condutores profissionais, trabalhadores por turnos e jovens estão particularmente vulneráveis à fadiga na condução, devido a horários irregulares e a estilos de vida que aumentam o risco de sonolência ao volante. Embora 86,9% dos condutores reconheçam que não se deve conduzir com sono e 91,4% admitam que essa condição aumenta o risco de acidente, 9,6% afirmam que continuariam a conduzir mesmo cansados e 18,4% acreditam que conseguem fazê-lo em segurança.

Os condutores demonstram reconhecer o elevado risco da condução sob fadiga: 80,5% consideram arriscado conduzir quando se está cansado e 90,6% quando se está sonolento. No entanto, 5,2% ainda consideram aceitável conduzir quando têm dificuldade em manter os olhos abertos.

O estudo destaca ainda que 8,4% dos condutores estiveram envolvidos em, pelo menos, um acidente rodoviário no último ano, sendo que destes, 29,7% apontam o cansaço ou a sonolência como a principal causa do último acidente. Quanto aos quase-acidentes, 44,9% dos condutores afirmam ter tido, pelo menos, um nos últimos 12 meses, com 20,9% desses casos associados à fadiga ou sonolência.

Os resultados revelam que 26% dos condutores apresentam níveis de sonolência excessiva. Já 1 em cada 5 condutores apresentam alto risco de sofrer de apneia do sono, sendo que 10,7% relataram já ter sido diagnosticados com algum distúrbio do sono. Destes, destacam-se a insónia (53%) e a apneia do sono (41%).

É essencial investir em campanhas de sensibilização e de prevenção relativamente aos perigos da fadiga e da sonolência na condução, com destaque para o impacto dos distúrbios do sono principalmente a Insónia e a Apneia Obstrutiva do Sono, assim como  a importância do seu tratamento adequado”, afirma Jorge Correia, Diretor-geral da VitalAire Portugal.

A fadiga é um fator de risco significativo, comparável à condução sob influência de álcool, excesso de velocidade e distração, contribuindo para uma percentagem considerável de acidentes rodoviários. Embora com menos notoriedade, o investimento no tratamento dos distúrbios do sono é fundamental para contribuir para a prevenção da sonolência diurna e, consequentemente, reduzir o risco de acidentes ao volante”, acrescenta.

Entre as estratégias mais comuns para combater a fadiga ao volante, destaca-se abrir as janelas ou ligar o ar condicionado (40,8%), parar para comer, fazer exercício ou relaxar sem dormir (34,6%), aumentar o volume do rádio (34,3%), beber cafeína ou tomar comprimidos de cafeína (28,9%) e conversar com os passageiros (25,2%). No entanto, as medidas, como parar para dormir uma sesta (11,2%) ou pedir a um passageiro para assumir a condução (13,0%), são das menos adotadas, apesar de serem consideradas altamente eficazes por 82,5% e 86,5% dos condutores, respetivamente.

Alain Areal, Diretor-geral da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) destaca, “este estudo revela que a fadiga na condução é um problema preocupante a nível nacional. Um em cada três condutores declararam ter conduzido com sonolência extrema. Muitos condutores subestimam os riscos e sobrestimam as suas capacidades para lidar com a fadiga, utilizando estratégias ineficazes que aumentam o risco de acidente. É essencial sensibilizar os condutores sobre as causas, efeitos e sintomas da fadiga, por meio de campanhas e programas de educação e formação. Além disso, são necessárias medidas complementares, como melhorias na infraestrutura (áreas de repouso, guias sonoras), fiscalização, incentivo ao uso de veículos com sistemas avançados de assistência ao condutor (ADAS) e deteção de fadiga, e maior enfoque das empresas na gestão do risco associado à fadiga na condução. Uma abordagem integrada é crucial para reduzir os acidentes relacionados à fadiga.”.

Fonte: 
Wisdom
Nota: 
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