Estudo

A Matemática ainda deixa os mais novos ansiosos, mas pais e professores podem fazer a diferença

O Ispa - Instituto Universitário integra o projeto MathMot, um estudo internacional que analisa o desenvolvimento da motivação para a matemática entre alunos do 1o e 2o ciclos do ensino básico, em seis países europeus.

287 escolas, mais de 11.000 alunos, 9.000 pais e 700 professores, em seis países europeus: é esta a valiosa amostra do projeto MathMot, um estudo internacional que aborda o desenvolvimento da motivação para a matemática numa perspetiva longitudinal, integrando dados de alunos, pais e professores. O estudo, realizado ao longo de quatro anos, foi coordenado por uma equipa da Universidade de Oslo, na Noruega, e integra, para além do Ispa – Instituto Universitário, em Portugal, mais quatro equipas da Finlândia, Suécia, Estónia e Sérvia. As conclusões fornecem um quadro relevante sobre como fatores emocionais, culturais e sociais influenciam a motivação e o desempenho dos estudantes e sobre o impacto das emoções, crenças parentais e género na aprendizagem da matemática.

Dados quantitativos mais aprofundados só estarão apurados no final do projeto, mas os primeiros dados qualitativos já permitem tirar conclusões importantes:

• Diferentes perfis emocionais em relação à Matemática

Ansiedade, aborrecimento ou felicidade são alguns exemplos de emoções apontadas em relação à matemática, que variam consoante os países, e que permitem identificar diferentes perfis entre os estudantes. Em Portugal, foram visíveis alterações entre o 4o e o 5o ano:, com os alunos mais novos a mostrarem maior prevalência nos perfis de “ansioso” e “aborrecido + ansioso”. No 5o ano, surgem perfis com a presença da emoção “feliz”, em paralelo com o perfil “ansioso”.

• Efeito Dunning-Kruger em Portugal

O estudo analisou o fenómeno Dunning-Kruger, no qual estudantes com menor competência tendem a sobrestimar as suas capacidades, enquanto os mais competentes as subestimam. Em Portugal, os alunos também manifestam este efeito, embora não exista um padrão específico que diferencie significativamente os países analisados.

• Disparidade de género da identidade Matemática

Em Portugal, os rapazes tendem a desenvolver uma identidade matemática mais positiva do que as raparigas. Este fenómeno, também observado na Finlândia, Estónia e Noruega sugere uma disparidade de género relevante que pode influenciar as escolhas de carreiras nas áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática).

• Impacto das crenças de pais e professores na motivação dos filhos

As atitudes e crenças dos pais e professores sobre a matemática foram identificadas como um fator determinante na motivação dos alunos, mostrando a necessidade de ações concertadas e promotoras de competência, para que a matemática seja sentida como algo importante e com sentido. Em relação às famílias, em todos os países participantes, os pais que acreditam que as capacidades matemáticas são inatas tendem a adotar práticas parentais menos apoiantes, o que pode prejudicar o desempenho dos filhos. Este dado sugere a importância de trabalhar com os pais para ajustar crenças e práticas que promovam a motivação e o desempenho dos estudantes.

 

Fonte: 
GMT Consulting
Nota: 
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