Alerta surge em vésperas do Dia Mundial da Doença de Alzheimer

Perda auditiva não tratada pode aumentar o risco de desenvolver demência

Na semana em que se assinala o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, os especialistas alertam os portugueses para a importância de tratar a perda auditiva o mais cedo possível, reduzindo assim a probabilidade de vir a desenvolver demência

A correlação entre a perda de audição e o risco de desenvolver demência foi recentemente comprovada pelo estudo ACHIEVE, orientado por Frank Lin, diretor do Cochlear Center for Hearing and Public Health da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, investigador e professor de Otorrinolaringologia, Saúde Mental e Epidemiologia, e apresentado no 70.º Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SPORL-CCP), em 2023.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 430 milhões de pessoas em todo o mundo manifestam perda auditiva moderada ou severa no ouvido com melhor audição, e mais de 55 milhões vivem com algum tipo de demência. Os resultados preliminares do estudo ACHIEVE são promissores, indicando que, ao longo de três anos, a intervenção auditiva, incluindo o uso de aparelhos auditivos, reduziu as mudanças cognitivas em 48%.

Jorge Humberto Martins, audiologista na Widex – Especialistas em Audição, reforça que "o atraso na identificação e na reabilitação atempadamente da perda auditiva pode ter um contributo significativo para a evolução da demência, principalmente em indivíduos com idade mais avançada, com múltiplos fatores de risco para declínio cognitivo, como o isolamento social e a sobrecarga cognitiva. Há que aprofundar mais este tema, impulsionando pesquisas nesta área que sejam a base para o desenvolvimento de estratégias eficazes de intervenção e de prevenção.”

Para além da diminuição do risco de desenvolver demência, há outras evidências científicas que demonstram o papel protetor do uso regular de aparelhos auditivos. Os resultados obtidos através da análise do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), realizado nos Estados Unidos, revelam que adultos com perda auditiva que usavam regularmente aparelhos auditivos apresentaram um risco menor de morte em comparação com aqueles que nunca usaram aparelhos auditivos. No entanto, são necessárias mais pesquisas, incluindo estudos longitudinais e ensaios clínicos aleatorizados, para confirmar estas descobertas e compreender os mecanismos subjacentes.

O audiologista acrescenta: “Os aparelhos auditivos ajudam efetivamente a melhorar a audição e, consequentemente, diminuem o esforço cognitivo que é necessário para processar os sons e, indiretamente, o isolamento social, que é outro fator de risco das demências. Enquanto profissionais nesta área, o mais importante para nós é contribuir para a deteção atempada e o tratamento da perda auditiva das pessoas, melhorando a sua qualidade de vida. E o primeiro passo para conseguirmos isto passa por consciencializar sobre o impacto que a perda auditiva tem no dia a dia e os sinais de alarme que devem levar as pessoas a fazer exames auditivos.” 

Fonte: 
Widex - Especialistas em Audição
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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