Doença de Alzheimer: número de pessoas com demência em Portugal poderá duplicar
O que é a Doença de Alzheimer?
A Doença de Alzheimer caracteriza-se pela degeneração das células cerebrais e pela acumulação anormal de proteínas no cérebro, como a beta-amiloide e a tau. Estas proteínas formam placas e emaranhados que destroem as conexões entre os neurónios e, eventualmente, os próprios neurónios, comprometendo funções cognitivas e motoras essenciais.
A doença progride de forma gradual, e os sintomas podem começar de forma leve, mas tornam-se cada vez mais incapacitantes, até que a pessoa perde a capacidade de realizar atividades básicas do dia a dia.
Dados Estatísticos
A incidência e prevalência da Doença de Alzheimer aumentaram substancialmente nas últimas décadas, em grande parte devido ao envelhecimento populacional. Em Portugal e no mundo, os números refletem essa tendência.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 55 milhões de pessoas vivem com demência no mundo, e estima-se que este número possa triplicar até 2050, atingindo cerca de 139 milhões de casos. Cerca de 60% a 80% dos casos de demência estão associados à Doença de Alzheimer.
No contexto europeu, estima-se que aproximadamente 10 milhões de pessoas vivam com demência, com o Alzheimer a ser a principal forma de demência.
No que diz respeito ao território nacional, estima-se que existam cerca de 205 mil portugueses afetados por demência, com mais de metade dos casos (cerca de 120 mil) atribuídos à Doença de Alzheimer. Esta estimativa deverá aumentar significativamente nos próximos anos, com projeções de que, até 2050, o número de pessoas com demência em Portugal poderá duplicar.
Sintomas
A Doença de Alzheimer é caracterizada por uma série de sintomas que se agravam com o tempo. Estes podem ser divididos em três estágios principais: inicial, intermédio e avançado.
Estágio Inicial:
- Perda de memória recente, dificuldade em lembrar eventos recentes.
- Desorientação espacial, esquecendo-se de caminhos ou rotas familiares.
- Dificuldade em encontrar as palavras certas durante uma conversa.
Estágio Intermédio:
- Aumento da confusão e da desorientação, incluindo não reconhecer rostos de pessoas próximas.
- Dificuldades em lidar com tarefas do quotidiano, como gerir finanças ou cozinhar.
- Mudanças de humor e comportamento, incluindo ansiedade, depressão ou agressividade.
Estágio Avançado:
- Perda severa de memória, incluindo esquecer o nome de familiares próximos.
- Incapacidade de realizar atividades diárias, como alimentar-se ou vestir-se.
- Perda de capacidades motoras, incluindo dificuldade em andar e incontinência.
Fatores de Risco
Embora a causa exata da Doença de Alzheimer ainda seja desconhecida, existem vários fatores de risco associados ao seu desenvolvimento:
- Idade: O principal fator de risco é o envelhecimento. A maioria dos casos ocorre em pessoas com mais de 65 anos.
- Histórico Familiar e Genética: Indivíduos com familiares que sofrem de Alzheimer têm maior probabilidade de desenvolver a doença. A presença de genes específicos, como o APOE-e4, está associada a um risco aumentado.
- Fatores Cardiovasculares: Hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade aumentam o risco de Alzheimer.
- Estilo de Vida: Fatores como sedentarismo, dieta pouco saudável, tabagismo e consumo excessivo de álcool podem aumentar o risco de desenvolver Alzheimer.
Complicações
À medida que a Doença de Alzheimer progride, as complicações podem incluir:
- Risco de quedas: Devido à perda de equilíbrio e coordenação.
- Desnutrição e desidratação: Pessoas com Alzheimer podem esquecer-se de comer ou beber.
- Infeções: A perda de controlo sobre as funções corporais, como a incontinência, pode levar a infeções urinárias ou outras complicações.
- Declínio emocional e social: Isolamento social, depressão e ansiedade são comuns à medida que a doença avança.
Recomendações para a Prevenção e Cuidados
Embora não exista uma cura para a Doença de Alzheimer, a adoção de certos comportamentos pode ajudar a prevenir ou retardar o aparecimento da doença, assim como melhorar a qualidade de vida de quem já foi diagnosticado.
1. Manter uma vida ativa física e mentalmente
A prática regular de exercício físico, como caminhadas, pode melhorar a saúde cardiovascular, o que está associado a uma diminuição do risco de Alzheimer.
Estimulação cognitiva, como ler, aprender novas línguas ou resolver puzzles, ajuda a manter o cérebro ativo.
2. Adotar uma dieta saudável
A Dieta Mediterrânica, rica em frutas, legumes, peixe, azeite e grãos integrais, tem sido associada a um menor risco de doenças neurodegenerativas.
A redução no consumo de alimentos processados, gorduras saturadas e açúcar também é recomendada.
3. Cuidar da saúde cardiovascular
Manter a pressão arterial, o colesterol e os níveis de glicose no sangue sob controlo pode ajudar a prevenir ou atrasar o aparecimento de Alzheimer.
4. Socialização
Manter uma rede social ativa e interagir regularmente com outras pessoas pode ajudar a reduzir o risco de Alzheimer, uma vez que o isolamento social está associado a um declínio cognitivo mais rápido.
5. Apoio familiar e profissional
O diagnóstico precoce é essencial para iniciar tratamentos que possam ajudar a gerir os sintomas. O acompanhamento por neurologistas e especialistas em geriatria é fundamental para planear cuidados futuros.
O apoio de organizações como a Associação Alzheimer Portugal pode fornecer recursos valiosos para cuidadores e famílias.
Tratamento
Atualmente, não existe cura para a Doença de Alzheimer, mas existem medicamentos que podem ajudar a atrasar a progressão dos sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, tais como:
- Inibidores da acetilcolinesterase: aumentam a quantidade de acetilcolina, um neurotransmissor importante para a memória.
- Antagonistas do receptor NMDA: ajudam a regular a atividade do glutamato, um neurotransmissor ligado à aprendizagem e memória.
- Além disso, o apoio psicossocial e a participação em atividades cognitivas são importantes para manter as capacidades dos doentes o mais intactas possível.
Fontes:
Alzheimer Portugal. Prevalência da Demência. https://alzheimerportugal.org/prevalencia-da-demencia/
World Health Organization. Global Status Report on the Public Health Response to Dementia. Genebra: OMS. https://www.who.int/publications/i/item/9789240033245
CUF. Alzheimer: o que é, sintomas e tratamento. https://www.cuf.pt/saude-a-z/alzheimer