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Doença de Alzheimer: número de pessoas com demência em Portugal poderá duplicar

Atualizado: 
20/09/2024 - 10:10
A Doença de Alzheimer é uma das formas mais comuns de demência, representando entre 60% a 80% de todos os casos. Trata-se de uma doença neurodegenerativa crónica e progressiva, que afeta, principalmente, a memória, o pensamento e o comportamento. À medida que a população mundial envelhece, o número de casos de Alzheimer aumenta, o que representa um desafio significativo para os sistemas de saúde.

O que é a Doença de Alzheimer?

A Doença de Alzheimer caracteriza-se pela degeneração das células cerebrais e pela acumulação anormal de proteínas no cérebro, como a beta-amiloide e a tau. Estas proteínas formam placas e emaranhados que destroem as conexões entre os neurónios e, eventualmente, os próprios neurónios, comprometendo funções cognitivas e motoras essenciais.

A doença progride de forma gradual, e os sintomas podem começar de forma leve, mas tornam-se cada vez mais incapacitantes, até que a pessoa perde a capacidade de realizar atividades básicas do dia a dia.

Dados Estatísticos

A incidência e prevalência da Doença de Alzheimer aumentaram substancialmente nas últimas décadas, em grande parte devido ao envelhecimento populacional. Em Portugal e no mundo, os números refletem essa tendência. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 55 milhões de pessoas vivem com demência no mundo, e estima-se que este número possa triplicar até 2050, atingindo cerca de 139 milhões de casos. Cerca de 60% a 80% dos casos de demência estão associados à Doença de Alzheimer.

No contexto europeu, estima-se que aproximadamente 10 milhões de pessoas vivam com demência, com o Alzheimer a ser a principal forma de demência.

No que diz respeito ao território nacional, estima-se que existam cerca de 205 mil portugueses afetados por demência, com mais de metade dos casos (cerca de 120 mil) atribuídos à Doença de Alzheimer. Esta estimativa deverá aumentar significativamente nos próximos anos, com projeções de que, até 2050, o número de pessoas com demência em Portugal poderá duplicar.

Sintomas

A Doença de Alzheimer é caracterizada por uma série de sintomas que se agravam com o tempo. Estes podem ser divididos em três estágios principais: inicial, intermédio e avançado.

Estágio Inicial:
  • Perda de memória recente, dificuldade em lembrar eventos recentes.
  • Desorientação espacial, esquecendo-se de caminhos ou rotas familiares.
  • Dificuldade em encontrar as palavras certas durante uma conversa.
Estágio Intermédio:
  • Aumento da confusão e da desorientação, incluindo não reconhecer rostos de pessoas próximas.
  • Dificuldades em lidar com tarefas do quotidiano, como gerir finanças ou cozinhar.
  • Mudanças de humor e comportamento, incluindo ansiedade, depressão ou agressividade.
Estágio Avançado:
  • Perda severa de memória, incluindo esquecer o nome de familiares próximos.
  • Incapacidade de realizar atividades diárias, como alimentar-se ou vestir-se.
  • Perda de capacidades motoras, incluindo dificuldade em andar e incontinência.

Fatores de Risco

Embora a causa exata da Doença de Alzheimer ainda seja desconhecida, existem vários fatores de risco associados ao seu desenvolvimento:

  • Idade: O principal fator de risco é o envelhecimento. A maioria dos casos ocorre em pessoas com mais de 65 anos.
  • Histórico Familiar e Genética: Indivíduos com familiares que sofrem de Alzheimer têm maior probabilidade de desenvolver a doença. A presença de genes específicos, como o APOE-e4, está associada a um risco aumentado.
  • Fatores Cardiovasculares: Hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade aumentam o risco de Alzheimer.
  • Estilo de Vida: Fatores como sedentarismo, dieta pouco saudável, tabagismo e consumo excessivo de álcool podem aumentar o risco de desenvolver Alzheimer.

Complicações

À medida que a Doença de Alzheimer progride, as complicações podem incluir:

  • Risco de quedas: Devido à perda de equilíbrio e coordenação.
  • Desnutrição e desidratação: Pessoas com Alzheimer podem esquecer-se de comer ou beber.
  • Infeções: A perda de controlo sobre as funções corporais, como a incontinência, pode levar a infeções urinárias ou outras complicações.
  • Declínio emocional e social: Isolamento social, depressão e ansiedade são comuns à medida que a doença avança.

Recomendações para a Prevenção e Cuidados

Embora não exista uma cura para a Doença de Alzheimer, a adoção de certos comportamentos pode ajudar a prevenir ou retardar o aparecimento da doença, assim como melhorar a qualidade de vida de quem já foi diagnosticado.

1. Manter uma vida ativa física e mentalmente

A prática regular de exercício físico, como caminhadas, pode melhorar a saúde cardiovascular, o que está associado a uma diminuição do risco de Alzheimer.

Estimulação cognitiva, como ler, aprender novas línguas ou resolver puzzles, ajuda a manter o cérebro ativo.

2. Adotar uma dieta saudável

A Dieta Mediterrânica, rica em frutas, legumes, peixe, azeite e grãos integrais, tem sido associada a um menor risco de doenças neurodegenerativas.

A redução no consumo de alimentos processados, gorduras saturadas e açúcar também é recomendada.

3. Cuidar da saúde cardiovascular

Manter a pressão arterial, o colesterol e os níveis de glicose no sangue sob controlo pode ajudar a prevenir ou atrasar o aparecimento de Alzheimer.

4. Socialização

Manter uma rede social ativa e interagir regularmente com outras pessoas pode ajudar a reduzir o risco de Alzheimer, uma vez que o isolamento social está associado a um declínio cognitivo mais rápido.

5. Apoio familiar e profissional

O diagnóstico precoce é essencial para iniciar tratamentos que possam ajudar a gerir os sintomas. O acompanhamento por neurologistas e especialistas em geriatria é fundamental para planear cuidados futuros.

O apoio de organizações como a Associação Alzheimer Portugal pode fornecer recursos valiosos para cuidadores e famílias.

Tratamento

Atualmente, não existe cura para a Doença de Alzheimer, mas existem medicamentos que podem ajudar a atrasar a progressão dos sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, tais como:

  • Inibidores da acetilcolinesterase: aumentam a quantidade de acetilcolina, um neurotransmissor importante para a memória.
  • Antagonistas do receptor NMDA: ajudam a regular a atividade do glutamato, um neurotransmissor ligado à aprendizagem e memória.
  • Além disso, o apoio psicossocial e a participação em atividades cognitivas são importantes para manter as capacidades dos doentes o mais intactas possível.

 

Fontes:

Alzheimer Portugal. Prevalência da Demência. https://alzheimerportugal.org/prevalencia-da-demencia/

World Health Organization. Global Status Report on the Public Health Response to Dementia. Genebra: OMS. https://www.who.int/publications/i/item/9789240033245

CUF. Alzheimer: o que é, sintomas e tratamento. https://www.cuf.pt/saude-a-z/alzheimer

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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