Doença de Alzheimer responsável por 60 a 70% dos casos de demência em Portugal
Segundo o CNS - Campos neurológico a doença de Alzheimer, principal causa de demência, reflete-se na perda da memória (sobretudo a recente), desorientação no tempo e no espaço, dificuldade no reconhecimento de pessoas e alteração da linguagem. "Trata-se de uma doença degenerativa e progressiva, implicando perda da capacidade para desempenhar as atividades do dia-a-dia de forma autónoma. Afeta todo o agregado familiar, sobretudo o cuidador principal".
A procura de ajuda médica, a aceitação do diagnóstico e a sua compreensão são, de acordo com a instituição, fundamentais para "ajustar expectativas e definir planos a curto e longo prazo". A avaliação médica inicial dos indivíduos com queixas sugestivas desta doença inclui a realização de um exame de imagem cerebral e análises, com o objetivo de excluir causas tratáveis de demência. Atualmente, já existem biomarcadores que permitem uma maior sensibilidade para o diagnóstico de doença de Alzheimer.
Quanto ao tratamento, o CNS - Campos Neurológico explica que "embora estejam em curso muitos ensaios clínicos, na Europa (com exceção do Reino Unido), não estão aprovados tratamentos modificadores do curso da doença, pelo que a abordagem terapêutica atual passa pelo controlo sintomático e terapias físicas, ocupacionais e de estimulação cognitiva"
O controlo de fatores de risco modificáveis para a doença de Alzheimer é também fulcral, salienta-se. "Devemos por isso reduzir os fatores de risco vascular, através das seguintes medidas: não fumar, ter uma dieta saudável, praticar exercício físico, ter boa higiene de sono, corrigir os défices sensoriais (visão e audição) e manter-nos física e socialmente ativos", aconselha-se.
Apesar da elevada prevalência da doença de Alzheimer, e do seu peso social, económico e emocional, ainda se observam muitos estigmas sociais relativos à doença e falta de conhecimento, sublinha a instituição. "A população, e até mesmo profissionais de saúde, têm ainda conceitos errados. Muitos acreditam que a demência faz parte do envelhecimento normal e que demência é sinónimo de Doença de Alzheimer".
Neste sentido, "urge realçar factos, melhorar conhecimentos e tomar atitudes".
De acordo com o relatório da ADI (Alzheimer’s Disease International) de 2019, 62% dos profissionais de saúde consideravam que demência fazia parte do envelhecimento; 35% dos cuidadores esconderam o diagnóstico de demência e 25% da população entendia que nada podia ser feito contra a demência. Na verdade, o envelhecimento cerebral acarreta algum declínio cognitivo, mas a demência é sempre anormal, independentemente da idade. Por outro lado, a Doença de Alzheimer é apenas um dos tipos de demência que existem, sendo a mais frequente e a mais conhecida. Além disso, os sintomas da doença podem ser controlados farmacologicamente e com terapias físicas, ocupacionais e de estimulação cognitiva.
Sofia Rocha, neurologista do CNS – Campus Neurológico, salienta que, "numa era em que se fala muito de tratamentos modificadores do curso da doença, o estigma e a discriminação em relação à pessoa com Alzheimer continuam a ser entraves à procura de cuidados de saúde e de suporte. Devemos todos elucidar e desmistificar preconceitos, proporcionando atempadamente acesso do doente a novos métodos de diagnóstico e inclusão em ensaios clínicos. Estima-se que 75% dos doentes com demência não são diagnosticados. E o diagnóstico, ainda que árduo, é apenas a primeira etapa de um percurso cujo suporte tem de ser melhorado. Adicionalmente, numa elevada percentagem de casos, as inseguranças e dúvidas dos cuidadores são igualmente ainda mal apoiadas e geridas, a par das suas dificuldades pessoais financeiras e de tempo para apoiarem o doente com demência".