Opinião

Redes sociais: quando afetam o nosso amor próprio

Atualizado: 
07/08/2024 - 10:02
A par do processo de expansão tecnológica, a forma como comunicamos e nos relacionamos alterou-se de forma muito significativa, tornando fácil e rápida a conexão a qualquer pessoa em qualquer local. Apenas com um clique conectamo-nos ao mundo.

A tecnologia veio para ficar e não lhe podemos fugir, por isso, é quase obrigatório que nos ajustemos a ela e que retiremos dela benefícios. As redes sociais desempenham um papel importante até em termos profissionais, sendo um recurso importante na forma como as empresas se relacionam e comunicam com os seus clientes ou até como realizam os seus processos de recrutamento.

Se por um lado, esta facilidade de acesso e comunicação parece ser uma enorme vantagem, permitindo manter laços mesmo quando se está longe ou reviver amizades antigas, por outro lado, parece ter trazido também um vazio, configurando um paradoxo. A socialização e o contacto direto foram gradualmente substituídos pelas conversas, reuniões, jogos e até consultas online. Isto faz com que aparentemente estejamos rodeados de pessoas quando na prática estamos sozinhos e fechados no nosso mundo.

Na população mais jovem, este impacto parece fazer-se sentir ainda com mais intensidade. Têm sido observadas dificuldades no relacionamento interpessoal e na socialização, parecendo existir uma perda de competências nesse domínio. Por exemplo, no campo amoroso e afetivo, quando existe interesse em se aproximar de alguém, usar a via online parece mais fácil, contudo, depois surge a dificuldade em fazer esta aproximação numa situação real. As competências de socialização encontram-se muitas vezes diminuídas, sendo que, as interações virtuais acabam por reforçar a manutenção destes comportamentos de isolamento. Nesta população é comum haver uma rede social com muitos “amigos”, mas na realidade, esse jovem estar muitas vezes isolado.

Além do isolamento, há outro aspeto que tem gerado preocupação e que se prende com a comparação, induzindo nas pessoas um sentimento de inferioridade, motivado pela discrepância entre aquilo que cada um tem ou é e aquilo que é observado nas redes sociais. Este comportamento tem vindo a ser associado a um agravamento de quadros depressivos e de ansiedade, sendo um fenómeno que tem implicações severas na autoestima e no autoconceito das pessoas.

Autor: 
Dra. Catarina Lucas - psicóloga e Diretora do Centro Catarina Lucas
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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