No âmbito do Dia Mundial do Cérebro que se assinala a 22 de julho

Especialistas sublinham que saúde cerebral é um pilar essencial para a qualidade de vida

A saúde cerebral depende de um estilo de vida saudável e de estratégias preventivas eficazes, que vão desde a educação até a prática de exercícios e atividades cognitivas estimulantes. Assim, no mês em que se assinala o Dia Mundial do Cérebro, o CNS – Campus Neurológico, apela a uma maior dedicação à saúde cerebral.

O cérebro é sensível ao estilo de vida. Um bom nível educacional, o melhor ambiente laboral possível, a realização de passatempos estimulantes, a prática de exercício físico regular e o controlo dos fatores de risco vascular (pressão arterial, colesterol, açúcar, tabagismo e consumo de álcool) contribuem certamente para a saúde cerebral.

Sara Varanda, Neurologista no CNS Braga realça que ‘aquando do surgimento das doenças neurológicas, estas medidas têm o potencial de reduzir os sintomas, tornando-se pilares essenciais do tratamento, numa época em que, infelizmente, ainda não dispomos de medidas farmacológicas de prevenção’.

O cérebro, descrito como o “software” do corpo humano, é crucial para o bom funcionamento do organismo. ‘Numa era moderna em que as pessoas têm, ou deviam ter, um seguimento médico de rotina, ainda é escasso o investimento na promoção da saúde cerebral. Pessoas e médicos lembram-se da saúde cerebral quando surgem sinais de mau funcionamento – dores de cabeça, dificuldades no sono ou esquecimentos, por exemplo. Contudo, quando nada alerta sobre o “software”, em geral, pouco se faz para prevenir a falência’, salienta, ainda, Sara Varanda.

Os trabalhos científicos que se têm debruçado sobre a promoção da saúde cerebral partem sobretudo da doença – como prevenir o declínio cognitivo na doença de Alzheimer, como minimizar o impacto cognitivo da esclerose múltipla e da enxaqueca ou como reverter sintomas motores (lentidão, rigidez, tremor) na doença de Parkinson.

Por exemplo, estudos indicam que cérebros com a presença da proteína anormal responsável pelo Alzheimer podem permanecer funcionalmente ativos e livres de sintomas graças à reserva cognitiva. Segundo a especialista, a educação parece ser um dos principais fatores que contribuem para esta reserva: ‘a doença existe, a proteína tóxica acumula-se, há morte neuronal, porém, as zonas saudáveis asseguram por mais tempo o adequado funcionamento cerebral. Há controvérsias sobre se a educação origina um efeito direto na reserva cognitiva ou se, por outro lado, desempenha um papel indireto por espelhar geralmente o contexto sociofamiliar e o estado geral de saúde. Promover o acesso à escola e equalizar as oportunidades pode, em última análise, prevenir o surgimento de sintomas em contexto de doença’.

Além disso, a neurologista do CNS Braga, refere um estudo europeu com quase 4000 participantes saudáveis que decorreu ao longo de 20 anos e revelou que a prática de atividades como jogos de tabuleiro preveniu o agravamento cognitivo nos doentes em quem veio a ser diagnosticada demência. Estas estratégias preventivas, conhecidas como "neuroenhancement", são pouco dispendiosas e apresentam menos efeitos secundários, comparativamente a potenciais medicamentos que se venham a desenvolver neste campo.

Na área da doença de Parkinson, em que também uma proteína anormal se acumula nas células, a neurologista destacou que os estudos no âmbito da promoção da saúde cerebral têm sido realizados ainda em modelos animais ou em amostras de doentes de pequenas dimensões, mas apontam, por exemplo, para benefícios da prática de exercício físico aeróbio de intensidade moderada nos sintomas motores. Até mesmo a participação em orquestras comunitárias tem mostrado melhorar a qualidade de vida dos pacientes. 

Fonte: 
CNS | Campus Neurológico
Nota: 
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