Como entender o trauma
"O efeito protetivo em relação aos traumas, particularmente quando profundamente enraizados no inconsciente, pode ser compreendido como um mecanismo de defesa para evitar uma constante ruminação dessas experiências. Embora a consciência não retenha plena percepção desses traumas, evidências indicam a sua localização no córtex, exercendo uma influência depressiva sobre a psique, e mesmo sem compreender o motivo a pessoa carrega um peso, sente-se mal. O papel do psicólogo, notavelmente destacado por Freud na psicanálise, reside na facilitação da regressão, expondo esses pensamentos ao consciente, à razão", começa por explicar.
Devemos então seguir o caminho da compreensão e tentar trazer ao consciente o que nos perturba no mais íntimo de nós.
Como refere Abreu, "ao trazer à tona esses traumas, ocorre uma reflexão profunda, aliviando as dores associadas. Este processo visa transferir as memórias do hipocampo para o córtex pré-frontal, promovendo uma análise lógica e racional, saindo do emocional e analisando com lógica e inteligência. Esta transferência pode potencialmente aliviar e, em alguns casos, favorecer a cura dos traumas".
Para o neurocientista esse é mesmo o caminho para a cura, pois pegamos no que nos fere, no incompreendido e damos-lhe forma.
"Podemos dizer que mais do que racionalizar uma experiência negativa estamos perante uma modificação na "residência" dessas experiências dolorosas e pensamentos intrusivos. A conjugação destes dois fatores é o caminho para a compreensão e racionalização do problema promovendo o seu alívio e talvez a sua cura", concluí.