O que diz a neurociência

Como entender o trauma

Atualizado: 
26/12/2023 - 09:38
Muitas vezes não temos consciência do que nos falta, incomoda, faz desanimar. É como se algo invisível estivesse a puxar para o fundo, mas não sabemos exatamente o quê. Muitas vezes são traumas que permanecem no inconsciente fazendo danos. É exatamente sobre esse assunto que se debruçou o neurocientista Fabiano de Abreu.

"O efeito protetivo em relação aos traumas, particularmente quando profundamente enraizados no inconsciente, pode ser compreendido como um mecanismo de defesa para evitar uma constante ruminação dessas experiências. Embora a consciência não retenha plena percepção desses traumas, evidências indicam a sua localização no córtex, exercendo uma influência depressiva sobre a psique, e mesmo sem compreender o motivo a pessoa carrega um peso, sente-se mal. O papel do psicólogo, notavelmente destacado por Freud na psicanálise, reside na facilitação da regressão, expondo esses pensamentos ao consciente, à razão", começa por explicar.

Devemos então seguir o caminho da compreensão e tentar trazer ao consciente o que nos perturba no mais íntimo de nós.

Como refere Abreu, "ao trazer à tona esses traumas, ocorre uma reflexão profunda, aliviando as dores associadas. Este processo visa transferir as memórias do hipocampo para o córtex pré-frontal, promovendo uma análise lógica e racional, saindo do emocional e analisando com lógica e inteligência. Esta transferência pode potencialmente aliviar e, em alguns casos, favorecer a cura dos traumas".

Para o neurocientista esse é mesmo o caminho para a cura, pois pegamos no que nos fere, no incompreendido e damos-lhe forma.

"Podemos dizer que mais do que racionalizar uma experiência negativa estamos perante uma modificação na "residência" dessas experiências dolorosas e pensamentos intrusivos. A conjugação destes dois fatores é o caminho para a compreensão e racionalização do problema promovendo o seu alívio e talvez a sua cura", concluí.

Fonte: 
MF Press Global
Nota: 
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