Mais de metade dos doentes com DPOC não estão diagnosticados
“A primeira chave do sucesso é conseguirmos ter um diagnóstico precoce do doente”, assegura Rui Costa, médico especialista de Medicina Geral e Familiar, durante a realização da mesa-redonda. O especialista lamenta a “iniquidade ao acesso de espirómetros, a nível nacional nos centros de saúde”, um aparelho que permite o diagnóstico dos doentes com DPOC. “Temos de tentar, de exigir, que cada unidade de saúde tenha acesso a estes aparelhos. E temos de ter reabilitação respiratória de acessibilidade monitorizada pelos médicos de família”.
Inês Ladeira, médica especialista em Pneumologia, reconhece durante o debate que há ainda muito caminho a percorrer para que a patologia comece a ser reconhecida. “Se o doente não souber o que é a DPOC não conseguimos levar a espirometria a bom porto. Temos de envolver mais o doente na comunicação“.
Já o médico especialista de Medicina Interna, João Neves, enfatizou a necessidade de existir uma “intervenção que não se limite à terapêutica, como a cessação tabágica”. “Temos uma série de oportunidades de contacto com o utente quando este está internado. Nós, como Medicina, temos de evoluir. Temos de passar a ser mais médicos de um conjunto de doenças, do que médicos de órgãos (…) Sabemos qual é o caminho a seguir, mas falta percorrê-lo”.
Por fim, ainda durante a realização da mesa-redonda, Ana Silva Pinto, médica especialista em Psiquiatria, ressalvou que “a ansiedade é muito desvalorizada pelos doentes com DPOC” e que “há muito a fazer no âmbito da psiquiatria e psicologia”, uma vez que os doentes “têm uma taxa de depressão e suicídio altíssima porque ficam muito isolados”. Para a especialista, deveriam existir “grupos de suporte e relaxamento geridos por profissionais de saúde capacitados, como enfermeiros”, para auxiliar os doentes.
O evento COPD: The Right Therapy for the Right Patient at the Right Time foi ainda palco para três apresentações que permitiram contextualizar os principais desafios no diagnóstico e na gestão da patologia.
A apresentação “Exacerbações da DPOC: dos cuidados primários ao meio hospitalar”, conduzida por Pedro Silva Santos, médico especialista em Pneumologia e por Rui Costa, médico especialista em Medicina Geral e Familiar, enfatizou a necessidade de reduzir as agudizações nas pessoas que têm DPOC, uma vez que representam elevada mortalidade, e que a otimização e gestão da doença e a transformação do tratamento das pessoas com DPOC podem reduzir o risco de exacerbação e mortalidade. Nesta intervenção, os oradores sublinharam também a importância de aumentar o conhecimento desta patologia junto da população e dos profissionais de saúde, uma vez que mais de metade dos doentes estão por diagnosticar.
"Risco Cardiopulmonar: Ver para além do coração", foi a segunda apresentação do dia, ministrada por Cidália Rodrigues, médica especialista em Pneumologia e por Filipa Almeida, médica especialista em Cardiologia, que explicaram que a DPOC e as doenças cardiovasculares encontram-se frequentemente associadas e que, para reduzir a mortalidade da DPOC, é fulcral a identificação precoce dos doentes e atuar na prevenção da progressão da doença, a cessação tabágica (um dos principais fatores de risco), e a reabilitação pulmonar.
Já a última apresentação do dia “Diferentes doentes, diferentes terapêuticas”, a cargo de Inês Ladeira (Pneumologia) e de Rui Costa (Medicina Geral e Familiar), foi dedicada à exposição e debate de dois casos clínicos com exemplos de sintomatologia, métodos mais adequados de diagnóstico e escolhas terapêuticas. Nesta intervenção ficou vincado o apelo a todos os médicos que demonstrem aos seus pacientes diagnosticados com DPOC a correta utilização dos dispositivos inalatórios e que, regularmente, avaliem esta técnica em consulta, pois a correta utilização é fundamental para um correto tratamento e adesão à terapêutica.
O evento COPD: The Right Therapy for the Right Patient at the Right Time marcou, também, o lançamento da Tecnimede na área respiratória com o reforço do seu portfólio de medicamentos sujeitos a receita médica e medicamentos inovadores, que contribui para o bem-estar da comunidade e para a melhoria da qualidade de vida da população.